A Copa União foi a primeira rebelião bem-sucedida levada adiante pelos principais clubes do país contra os desmandos da CBF. Vencida em seu propósito de montar um campeonato nacional com mais de 20 clubes, a entidade viu-se obrigada a promover um outro, com a turma que ficou de fora do filet mignon. Enciumada, decidiu meter a sua colher, para provar ou pelo menos tentar provar quem tinha a força.
Assim, quando já haviam sido disputadas cinco rodadas da Copa União, a CBF impôs o tal cruzamento de que tanto se fala, dos dois primeiros colocados da Copa União, que a entidade passou a chamar de Módulo Verde, com os dois primeiros colocados do outro campeonato, que apelidou de Módulo Amarelo. O vencedor do quadrangular, anunciou a CBF, seria o campeão brasileiro. Os dirigentes dos clubes que disputavam a Copa União recusaram-se a cumprir a determinação, mesmo porque a competição não era organizada pela entidade.
Pois a Copa União, que começou em setembro, seguiu normalmente até dezembro, assim como o tal campeonato promovido pela CBF. A final da Copa União, como se sabe, foi disputada entre Flamengo e Internacional. Houve empate de 1 a 1 no Beira-Rio. No Maracanã, o rubro-negro venceu por 1 a 0. Pois no mesmo dia, 13 de dezembro de 1987, o Sport e o Guarani decidiram o título do tal Módulo Amarelo. No primeiro jogo, realizado em Campinas em 6 de dezembro de 1987, o Guarani venceu por 2 a 0. No da volta, o dia 13, em Recife, o Sport devolveu o placar. Houve a necessidade da prorrogação, que terminou em 0 a 0. Os dois clubes partiram para a decisão por pênaltis. Acabou em 11 a 11. Os presidentes do Sport, Homero Lacerda, e do Guarani, Leonel Martins de Oliveira, entraram em campo e acordaram em dividir o título. Apertaram as mãos e comunicaram o fato ao árbitro maranhense Josenildo Santos, que deu o jogo por encerrado.
Na quinta-feira, 21 de janeiro de 1988, o presidente do CND, Manoel Tubino, veio a público afirmar que era o Flamengo, e não a dupla Sport-Guarani, o legítimo campeão brasileiro de 1987. O seu discurso bateu de frente com o da dupla que comandava a CBF, formada por Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid. A dupla era inimiga pública e notória do presidente do Flamengo, Márcio Braga, somando assim mais um forte motivo para continuar impondo o tal cruzamento. Na realidade, a essa altura, já seriam seis os clubes a disputarem o quadrangular, dado que o Bangu e o Atlético-PR, eliminados respectivamente por Sport e Guarani nas semifinais do Módulo Amarelo, não chegaram a decidir quem seria o vice dessa competição. Sim, deveria haver um vice, já que Sport e Guarani dividiram o título - lembram-se?
Mas o fato é que Sport e Guarani cumpriram a tabela do tal quadrangular e chegaram à decisão do que a CBF chamava de Campeonato Brasileiro. No primeiro jogo, realizado em Campinas, no dia 31 de janeiro de 1988, houve empate de 1 a 1. No segundo, em 7 de fevereiro, em Recife, o Sport venceu por 1 a 0. E a entidade o proclamou campeão.
Assim sendo, o campeão oficial de 1987, o campeão da CBF, passou a ser o Sport. Até seria. Se o Atlético-PR e o Bangu decidissem quem era o vice e se um deles, ostentando tal condição, também participasse da decisão, dado que o título do tal Módulo Amarelo - lembram-se - foi dividido entre Sport e Guarani. Se são dois os campeões há de se ter um vice.
Ora, só os que não têm um mínimo de bom senso que preferem ficar repetindo que o título do Flamengo não valeu. Curioso: critica-se praticamente tudo o que a CBF faz. E só quando se trata da questão do Brasileiro - ou dos Brasileiros - de 1987 é que insistem em dar razão à entidade.
Ora, se vale o que chamam de oficial, porque não se defende o título que o Vila Nova de Minas levantou ao ganhar a Segunda Divisão de 1971, no primeiro ano em que a CBF tornou o Brasileiro oficial? Pois o Vila ganhou o campeonato e foi sumariamente excluído da Primeira Divisão em 1972. Como se vê, a entidade escorregou na banana logo no primeiro ano de campeonatos oficiais.
7 comentários:
Quanta irresponsabilidade do "sr Ricardo Teixeira".
Se é que podemos chamar de senhor.
Pura molecagem.
Avante, FLA!
Somos PENTA e acabou-se!
Valeu!
Benna Lago
Manaus - AM
Em 87, a CBF ou ainda CBD, já não me lembro mais, estava falida. Otávio Pinto Guimarães, presidindo a entidade, não conseguia a vela que costumava acender tanto pra Deus quanto pro diabo, ao estilo do que fazia à frente da federação carioca. A entrega da organização do campeonato brasileiro, a Copa União, como foi chamado, não foi altivez, tampouco reconhecimento à autonomia dos grandes clubes. Foi , de fato, falência da política que vinha da ditadura que se misturava ao futebol, cujo lema "Arena (partido da ditadura) vai mal, um time no nacional". O resultado não poderia ser outro senão os grandes clubes em seu primeiro passo por autonomia, na organização do Clube dos 13, um esboço do embrião da verdadeira liga a caminho da independência. É o tal negócio: deixaram um troco, umas moedas como pedágio para a autonomia, na concessão de um desnecessário cruzamento entre módulos, que corresponderiam hoje às primeira e segunda divisões do Brasileiro. O campeão do módulo (cuja cor, de resto, também já não me lembro), integrado por Flamengo, botafogo, vasco, fluminense, internacional, grêmio, corínthias, enfim, os grandes clubes contra o campeão do maria da graça, do confiança, aqui perto, bem como do maxwell, meu vizinnho, aqui do lado, na rua de mesmo nome. Pois é isso: o sport que foi campeão de pelada insiste numa legitimidade que lhe falta, de fato. O problema é a chorumela, que a imprensa ainda insiste em divulgar. Mas, talvez o final dessa história tenha sido, antes de ridículo, irônico: a taça das bolinhas (que não vale nada, pois o título que a História consagrou é nosso) foi para o são paulo. Existe troço mais ridículo do que novo-rico, caipira, paulista?
Em 87, a CBF ou ainda CBD, já não me lembro mais, estava falida. Otávio Pinto Guimarães, presidindo a entidade, não conseguia a vela que costumava acender tanto pra Deus quanto pro diabo, ao estilo do que fazia à frente da federação carioca. A entrega da organização do campeonato brasileiro, a Copa União, como foi chamado, não foi altivez, tampouco reconhecimento à autonomia dos grandes clubes. Foi , de fato, falência da política que vinha da ditadura que se misturava ao futebol, cujo lema "Arena (partido da ditadura) vai mal, um time no nacional". O resultado não poderia ser outro senão os grandes clubes em seu primeiro passo por autonomia, na organização do Clube dos 13, um esboço do embrião da verdadeira liga a caminho da independência. É o tal negócio: deixaram um troco, umas moedas como pedágio para a autonomia, na concessão de um desnecessário cruzamento entre módulos, que corresponderiam hoje às primeira e segunda divisões do Brasileiro. O campeão do módulo (cuja cor, de resto, também já não me lembro), integrado por Flamengo, botafogo, vasco, fluminense, internacional, grêmio, corínthias, enfim, os grandes clubes contra o campeão do maria da graça, do confiança, aqui perto, bem como do maxwell, meu vizinnho, aqui do lado, na rua de mesmo nome. Pois é isso: o sport que foi campeão de pelada insiste numa legitimidade que lhe falta, de fato. O problema é a chorumela, que a imprensa ainda insiste em divulgar. Mas, talvez o final dessa história tenha sido, antes de ridículo, irônico: a taça das bolinhas (que não vale nada, pois o título que a História consagrou é nosso) foi para o são paulo. Existe troço mais ridículo do que novo-rico, caipira, paulista?
Em 87, a CBF ou ainda CBD, já não me lembro mais, estava falida. Otávio Pinto Guimarães, presidindo a entidade, não conseguia a vela que costumava acender tanto pra Deus quanto pro diabo, ao estilo do que fazia à frente da federação carioca. A entrega da organização do campeonato brasileiro, a Copa União, como foi chamado, não foi altivez, tampouco reconhecimento à autonomia dos grandes clubes. Foi , de fato, falência da política que vinha da ditadura que se misturava ao futebol, cujo lema "Arena (partido da ditadura) vai mal, um time no nacional". O resultado não poderia ser outro senão os grandes clubes em seu primeiro passo por autonomia, na organização do Clube dos 13, um esboço do embrião da verdadeira liga a caminho da independência. É o tal negócio: deixaram um troco, umas moedas como pedágio para a autonomia, na concessão de um desnecessário cruzamento entre módulos, que corresponderiam hoje às primeira e segunda divisões do Brasileiro. O campeão do módulo (cuja cor, de resto, também já não me lembro), integrado por Flamengo, botafogo, vasco, fluminense, internacional, grêmio, corínthias, enfim, os grandes clubes contra o campeão do maria da graça, do confiança, aqui perto, bem como do maxwell, meu vizinnho, aqui do lado, na rua de mesmo nome. Pois é isso: o sport que foi campeão de pelada insiste numa legitimidade que lhe falta, de fato. O problema é a chorumela, que a imprensa ainda insiste em divulgar. Mas, talvez o final dessa história tenha sido, antes de ridículo, irônico: a taça das bolinhas (que não vale nada, pois o título que a História consagrou é nosso) foi para o são paulo. Existe troço mais ridículo do que novo-rico, caipira, paulista?
É Assaf infelizmente o negocio é a porcaria da politica , o flamengo não apoiou o kleber leite ai deu no que deu , mas daqui um tempo isso vai mudar pois estes caras vão passar , menos a instituição flamengo que é grande demais e nunca vai depender destes senhores a historia vai se encarregar do resto pois o flamengo é hexacampeão brasileiro e não tem mais conversa ..... celso paz
Fontes excelentes:
http://www.flamengo.com.br/flapedia/Campeonato_Brasileiro_1987
Quem assinou em nome do Clube dos 13 a mudança da regra no meio do campeonato foi um tal de Eurico Miranda.
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