Nos anos 70, quando Yustrich era o treinador do Flamengo e, eu, repórter que começava a carreira na Rádio Tupi. Lembro que este fato ocorreu numa sexta-feira, antevéspera de um suculento Flamengo x Vasco. O momento era muito melhor para o Flamengo, que estava embalado, ao contrário do Vasco, que não se acertava de jeito nenhum. Naquela época, os repórteres tinham livre acesso para as entrevistas e, o único local não permitido era o vestiário. Naquele dia, estava eu aguardando os jogadores do lado de fora para as entrevistas iniciais, quando recebo um recado que Yustrich pedia para que eu fosse ao vestiário, pois precisava falar comigo. Por ter sido chamado, entrei no “terreno proibido”, onde encontrei o meu amigo, como de hábito, chupando muitas laranjas, da maneira que fazia sempre antes de todo treinamento. À sua esquerda, um balde com muitas laranjas, à sua direita outro balde, onde jogava os bagaços das laranjas. À sua frente, algo que os jogadores temiam. A balança. Nenhum jogador, deixava de se pesar diariamente e, quem controlava era o “chefe”. O “trabalho” já estava no final, pois o balde dos bagaços estava cheio e, feliz por todos os jogadores estarem no peso, me honrou com o convite para jantar na casa dele, em comemoração ao aniversário da filha, que era a paixão da sua vida. O que mais me chamou atenção, foi o que li, num quadro negro enorme, colocado na cara de quem entrasse no vestiário e, com letras garrafais… VASCO É VASCO!!! Assim mesmo, como está aí e, com três exclamações. Embora não trabalhasse em jornal, senti o faro de que aquela foto daria brincando uma primeira página e, acabei intercedendo junto ao “chefe”, no sentido de que, os jornalistas Lineu de Lavor e Zildo Dantas, respectivamente de “O Jornal” e “O Dia”, pudessem conduzir os respectivos fotógrafos para o local. Yustrich, até pousou com o giz na mão como se escrevendo estivesse. No dia seguinte, conforme intuí, primeira página, fácil.
Com certeza, por ser um treinador experiente e por respeitar a tradição, desta, ou de outra forma, Oswaldo de Oliveira dará o mesmo recado aos seus jogadores. Como aconteceu lá atrás, um jogo começa a ser ganho quando se tem a noção exata do que vem pela frente. E, como dizia João Saldanha, “o jogo é mole, mas primeiro, tem que jogar…” e, que ninguém se iluda. Depois de amanhã, com todos problemas que o Vasco enfrenta, para passar para as quartas de final, o Flamengo vai ter que jogar muito e, com fome de desesperado.
Se o espírito for esse, a nossa chance é enorme.
Kleber Leite
http://kleberleite.com/2015/08/lembrete-de-yustrich/
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