Dida - Do futebol e da vida só levou mágoa
Museu dos Esportes
No fim de sua vida, Dida era um homem triste. Feola o traiu na seleção. Flávio Costa o traiu no Flamengo. Leonidas o combateu de graça e tentou destruí-lo. Apesar de ter sido um dos maiores ídolos da história do Flamengo, antes de morrer, Dida confidenciava a amigos – “do futebol e da vida só tenho mágoas”.
Dida estreou no Flamengo em 1954. Naquela tarde, a torcida do Flamengo suava frio. Num jogo duro contra o velho e tradicional rival, o Vasco da Gama, o técnico Fleitas Solich abusa de sua fama de feiticeiro e lança dois garotos na ala esquerda do seu ataque. Dois garotos para enfrentar uma defesa dura, de jogadores experientes e maliciosos. Os dois garotos estraçalharam a defensiva vascaina. Os dois garotos eram Dida e Bábá. O Flamengo venceu por 2x1, e esta vitória iniciou a corrida do Flamengo rumo ao bi campeonato que um ano depois se transformaria no tri. Iniciou também o caminho da fama para Dida que se transformaria no maior artilheiro do clube da Gávea até a chegada de Zico. Para aqueles que contam a vida esportiva do Flamengo, Domingos da Guia. Leonidas da Silva. Zizinho. Dida e Zico são os grandes ídolos da história dos rubros negros.
Seu futebol objetivo, habilidoso e cheio de gols sensacionais, o levaram a seleção brasileira de 1958. Dida era o titular e Pelé o reserva. E foi como campeão do mundo que ele começou a sentir as desilusões do futebol. Depois de jogar o primeiro jogo contra a Áustria, foi acusado pelo comentarista Leonidas da Silva de medroso. Na realidade, Leonidas e os paulistas queriam Pelé como titular. Dida tinha 24 anos de idade, era experiente, enfrentava defesas pesadas no Brasil e no exterior, era um artilheiro que os brasileiros estavam acostumados a sentir seus gols e sua vibração. Não tinha porque tremer. Leonidas, um grande craque do passado e um comentarista acreditado, forçou a barra e o treinador Vicente Feola não escalou mais o artilheiro do Flamengo. Não houve nenhuma explicação para a atitude de Feola. Depois do jogo contra a Inglaterra, Dida reclamou e pediu para voltar ao Brasil. Não deixaram. Tudo que aconteceu nos bastidores deram em nada porque o Brasil foi campeão. Um titulo conquistado apaga as momentos ruins. Se alguém foi prejudicado, fica mesmo no prejuízo.
No Flamengo, clube do seu coração, nunca fez grandes contratos. Os dirigentes diziam que somente poderiam pagar “x “ e Dida aceitava sem reclamar. O que ele queria mesmo era vestir a camisa rubro negra. Quando teve a oportunidade jogar no futebol italiano, não deixaram. Na realidade, Dida era um torcedor privilegiado. Um torcedor que vibrava dentro do campo vestindo a camisa do seu clube. Flávio Costa queria que ele jogasse de ponta armando o jogo pela esquerda. O próprio Flávio não deixou Dida ir para o Botafogo.
Por outro lado, nunca soube cuidar de seus negócios. A Casa Lotérica, Didasorte, foi mal administrada e desapareceu com o tempo. Seus apartamentos foram vendidos para o sustento de sua família. Pensou pouco no seu futuro. Quando abriu os olhos já era tarde. Sua esposa, Lídia, foi sua grande companheira. Ela sabia segurar a peteca, marcava o Dida de perto. Pena que as vezes, Lígia não era bem compreendida. Depois do seu falecimento, a vida de Dida se transformou num verdadeiro caldeirão. Morando com um filho (George) desempregado e irresponsável, o ex craque do Flamengo sofreu as penas do inferno.
Por tudo isso, Dida viveu seus últimos dias em um hospital com problemas que o levaram a morte. Morreu triste e magoado com o futebol e a vida.
Um comentário:
Queria que os jogadores de hoje tivessem 10% da raça que esses heróis tinham.
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