PM Torcedor

O PM TORCEDOR

A paixão por um clube faz os torcedores cometerem as maiores loucuras. Mas, só o Flamengo para fazer um soldado-PM em serviço e fardado comemorar um gol, braços erguidos e jogando aquele antigo capacete azul para o alto, aos gritos de "é campeão, é campeão".

Foi isso que aconteceu em 1970, com o então soldado Valentim Alberto Cruz, na decisão da Taça Guanabara entre Flamengo e Fluminense, no Maracanã.

O tricolor vencia por 1 a 0 e com o resultado seria campeão. Mas, Fio "Maravilha" empatou o jogo no finzinho e deu o título ao Flamengo. O soldado Valentim, de plantão na boca do túnel Rubro-Negro, não se conteve:deixou de lado a isenção policial e comemorou como um ilustre torcedor de arquibancada.

Resultado: saiu preso do Maracanã direto para o Quartel Central da Rua Evaristo da Veiga, onde servia. O Comandante-Geral, General Ferraro, queria abrir inquérito para puní-lo com rigor, por "indisciplina". Valentim foi salvo por outros Rubro-Negros ilustres como o falecido Hilton Santos, Marcus Vinícius de Carvalho e o Radialista Celso Garcia.

Três anos antes, em 67, na gestão do Presidente Veiga Brito, ele viveu a primeira situação delicada como soldado-torcedor. Era um jogo de basquete feminino entre Flamengo e Vasco. Valentim tinha sido designado para proteger os dois árbitros. É ele quem conta:
-Passei pelos dois e brinquei:"O Flamengo não pode perder, certo?. Foi o bastante. Os árbitros só começaram o jogo quando eu fui substituído.

As aventuras do soldado Valentim foram o assunto dos debates esportivos daquela semana no Rio. No programa "Facit no Lance", Nelson Rodrigues, numa discussão com o Rubro-Negro José Maria Scassa, chegou a dizer:
-"Este soldado tinha que ser tricolor, tinha que ser tricolor"...

Altair Baffa
Revista Oficial do Flamengo, ano1/nº6 de 1996