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quinta-feira, 15 de março de 2007

Xinxim, Acarajé e Bola na Rede

Xinxim, Acarajé e Bola na Rede
 
Faz vinte anos. O time do Fluminense foi recebido no vestiário do Maracanã com uma faixa: Obrigado, tricampeões. E feliz 1986, ano do tetra! No outro vestiário, o do Flamengo, Zico e Sócrates se preparavam para subir juntos pela primeira e última vez ao gramado do Maracanã vestindo o Manto Sagrado. Era o Fla-Flu de abertura do campeonato estadual.
 
Dez anos antes Zico havia feito quatro gols em um Fla-Flu. Mas no dia 16 de fevereiro de 1986 entrou em campo para ouvir a torcida do Fluminense gritar: - Bichado! Bichado! Bichado! O joelho esquerdo não era mais o mesmo, e aquele jogo era o grande teste desde a agressão covarde de Márcio Nunes. Dez minutos de jogo, Adílio vai ao fundo pela esquerda e cruza para à meia-altura. Zico voa entre a zaga tricolor e mete a cabeça. Paulo Vitor vai buscar no fundo da rede e ouve a torcida do Flamengo gritar para Zico, irônica: - Bichado! Bichado! Bichado!
 
Faz vinte anos e recém tínhamos perdido Jorge Curi. Era o primeiro Fla-Flu desde muito tempo que não ecoaria no Maracanã o bordão teeeeeempo e placaaaarr no maaaiooorrr do muuuuundoooo!!! No meu rádio, saiu Jorge Curi e entrou Doalcei Camargo. O Fluminense empatou com Leomir, mas aos vinte e sete minutos do segundo tempo houve uma falta na entrada da área. No primeiro tempo, Zico havia mandado uma na trave. Rezei para Jorge Curi e ouvi Doalcei Camargo: - Lá vem Zico, disparooooooouuu... É gooolll!!!!
 
A bola em curva pegou Paulo Vitor no contrapé e entrou no ângulo esquerdo. A maior torcida do mundo explodiu no maior estádio do mundo, cantando o samba da Mangueira: - Tem xinxim e acarajé, tamborim e samba no pé... E lá embaixo, bola no pé, de pé em pé, até Bebeto acertar uma bomba e fazer o terceiro, aos trinta minutos. Mas era um Fla-Flu de Zico, sabiam disso aquelas oitenta e quatro mil pessoas no Maracanã, assim como sabiam disso eu, ao pé do rádio, e Jorge Curi, no céu. Aos trinta e quatro, pênalti para o Flamengo. Zicão na rede, quatro a um, e uma agradecida massa flamenga cantou durante dez minutos, sem trégua: - Recordar é viver, Zico acabou com vocês!
 
Faz vinte anos. Enquanto o lado rubro-negro cantava, os tricolores abandonavam o estádio cabisbaixos e o roupeiro Ximbica descia a escada dos
vestiários para tirar a faixa dos tricampeões que estavam sendo triturados pelo Flamengo de Cantarele, Jorginho, Leandro, Mozer, Adalberto, Andrade, Adílio, Sócrates, Bebeto, Chiquinho, Zico e Jorge Curi. Ali estavam os futuros campeões estadual de 1986. Ao final do jogo, entrevistado por Kleber Leite, Zico dedicou os gols e a vitória à Jorge Curi. Mais tarde, foi eleito Artilheiro do Fantástico. Eu dormi e sonhei com Jorge Curi gritando entre anjos: - Ziiiiiiiicooooooooo... Zicãaaaoooo, Zicaçooooooo!!!! Camiiiiisa número dez...
 
Maurício Neves (?)
 

Um comentário:

Anônimo disse...

quero mais que