O “MINISTRO DA JUSTIÇA” DA NAÇÃO
Naquela época, o Leandro já era um ídolo e um herói. O Flamengo já era Campeão do Mundo, e Leandro fora um dos destaques da conquista. Eu lembro bem, no desembarque vindo do Japão, na carreata, o Peixe-Frito chorava. Não eram lágrimas de (auto) júbilo, mas uma explosão de alegria, coisa de torcedor mesmo.
Então, estamos combinados que ele já era um herói consagrado e, além do mais, profundamente identificado com a galera. Portanto, voltemos ao jogo, ao Fla-Flu em questão.
Mas estava 1 x 0, gol do Assis (confira, confira, a memória me trai). O Flamengo dominava, pressionava, massacrava, traduzia este massacre em chutes a gol, e esbarrava na sorte e (por que não dizer) na competência do Paulo Vitor. Quase final de jogo e parecia que não era nossa vez, que a derrota seria inevitável.
Eu, ainda bem jovem, assistia de pé, atrás do gol defendido pelo adversário, no meio da hoje extinta Falange Rubro-Negra. Coração jovem jamais perde a esperança, coração de torcedor também não, e aquele time tinha o coração batendo junto ao da torcida. Contra todas as possibilidades, eu acreditava, a Falange acreditava, a torcida toda acreditava, o time acreditou junto.
Repito, futebol não tem nada a ver com Justiça. Ah... mas seria injusto demais.
Então, a bola foi rebatida pela defesa tricolor. E sobrou livre na intermediária, de frente para o Leandro. Em qualquer outra situação, ele, que não era um chutador, usaria de sua habilidade para recolher a pelota, rearmar o time, abrir pelo lado do campo, alçar de novo a bola na área. Mas ela vinha de frente, rolando, sussurrando pelo gramado: “me chuta, me chuta...”.
Leandro chutou, e pegou “na veia”. Saiu um petardo, o chute mais perfeito que eu vi no Maracanã. O Paulo Vitor voou, esticado, em direção ao ângulo superior esquerdo. Ainda tocou de leve a bola, mas não conseguiu evitar o gol. Chute forte, de primeira, de peito do pé, encaixado na forquilha do gol. Golaaaaaço.
O gol que desfazia a injustiça do, até então, 1x0 adversário. Um gol para lavar a alma. Um gol digno dos Fla-Flus mais históricos. Eu pulava, gritava, comemorava. Eu, a Falange, toda a nossa torcida toda no estádio, milhões de rubro-negros grudados em seus radinhos de pilha espalhados pelo Brasil.
Aquela foi a maior emoção que o futebol me proporcionou. A Conquista de Tóquio foi construída ao longo de 3 gols, as Copas do Mundo foram ganhas por um time que vestia amarelo, não preto-e-vermelho. Aquele gol foi o momento que eu congelei na alma, a minha fonte da alegria instantânea pelo resto da minha vida.
Leandro, um grande abraço. Naquele Fla-Flu, você já era um herói. Dali em diante, eu o tenho como o “Ministro da Justiça” da Nação Rubro-Negra.
Affonso Romero.
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Um comentário:
tudo que falaste assino em baixo,lembro bem do gol e digo leandro é tudo e bem mais...
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