Uma paixão que também arde na arte - Capítulo II – Flamengo bom de bola e de samba
O rubro-negro Ary por Miécio Caffé/Foto de Joselito Meneses
Durante as comemorações dos 20 anos do Centro de Cultura João Gilberto, ocorrido no ano passado aqui em Juazeiro/BA, foi inaugurada uma Galeria em homenagem ao grande caricaturista e guardião da memória musical brasileira, Miécio Caffé – juazeirense como o João da bossa nova que empresta nome ao espaço cultural – falecido em março de 2003 na cidade de São Paulo. Em meio a tantas outras caricaturas de personalidades brasileiras, entre as quais, Carmem Miranda - a primeira musa tupiniquim com todos os seus banlangandãs – lá estão dois dos mais famosos músicos flamenguistas: Ary Barroso e Ciro Monteiro, devidamente vestidos com o Manto Sagrado.
Geniais na criação e na interpretação de grandes sucessos da música popular brasileira no período conhecido como a “velha guarda”, Ary e Ciro não cantaram o Flamengo, mas demostraram o amor ao rubro-negro em planos bem mais íntimos e até mais fanáticos. Melhor, flanáticos. O primeiro chegou a dizer que não iria morar nos Estados Unidos por que lá não existia o Flamengo. Como radialista, narrava os jogos do clube do coração com uma gritante parcialidade, sempre acompanhado da antológica e pioneira gaitinha durante os gols do “diamante negro” Leônidas da Silva. Já o boêmio cantor das noites cariocas – lançado por Silvio Caldas em 1933 – segundo definição do próprio, foi o maior “aliciador de menores” da sua época. Além de gostar de contar engraçados “causos” sobre o Flamengo, Ciro Monteiro adorava tentar “persuadir” os filhos dos seus amigos a virarem flamenguistas desde pequenos. Aos recém-nascidos, enviava enxovais rubro-negros. A fama era tanta que a mania acabou virando uma espécie de samba-resposta do tricolor Chico Buarque. Mais a melhor resposta foi mesmo a do cantor “aliciador”, já que para desgosto do pai, a então futura atriz Silvia Buarque acabou virando mais uma apaixonada adepta dessa religião chamada Flamengo.
O baile rubro-negro
Ao contrário dos nobres colegas, Wilson Batista - tido pelos críticos como um cronista do Rio de Janeiro – foi quem mais cantou o Flamengo. Tanto na alegria das muitas vitórias e títulos, “Sou Flamengo de coração, Flamengo até em baixo d´água/Quem fala mal do clube campeão ou é de inveja ou é de raiva”, quanto nas frustrantes derrotas para os rivais, “Eu ontem vim da Gávea tão cansado com a cabeça inchada, pois o Flamengo voltou a perder”, o sambista sempre fazia questão de cantar as cores do seu amado time. E foi assim que surgiu o Samba Rubro-Negro: “Flamengo joga amanhã eu vou pra lá/vai haver mais um baile no maracanã/ o mais querido é o clube do meu coração,/eu já rezei pra São Jorge pro Mengo ser campeão...”. Um dos mais cantados e executados por todos os flamenguistas desde que foi composto, esse samba de Wilson Batista pode ser considerado uma espécie de terceiro hino do rubro-negro carioca.
Não bastasse ser o mais cantado do mundo, o Flamengo é ainda o único clube a ter dois hinos. Isso mesmo, há o Hino Oficial – também chamado de “marchinha” – criado em 1923 pelo ex-goleiro Paulo Magalhães (que assina letra e música): “Flamengo, Flamengo tua glória é lutar/Flamengo, Flamengo campeão de Terra e Mar...”. Depois vem o Hino Popular, sendo o mais tocado do Brasil. Não precisa nem o time ser campeão, é possível ouvir a arrepiante melodia espalhando-se pelos quatro cantos em qualquer época do ano. Não são poucos os casos de torcedores que comemoram seus aniversários também ao som da mais famosa composição de Lamartine Babo. E posso confessar que eu me incluo entre eles. E mais, todo dia 15 de novembro, não é exatamente o Hino Nacional que é tocado durante todo o feriado no país. São esses contagiantes versos, que mais parecem um chamado para uma grande batalha, que são cantados com louvor e orgulho: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo/Flamengo sempre eu hei de ser/É o meu maior prazer, vê-lo brilhar, seja na terra, seja no mar/Vencer, vencer, vencer...”.
O “formigão” Ciro por Miécio Caffé/Foto de Joselito Meneses
Geniais na criação e na interpretação de grandes sucessos da música popular brasileira no período conhecido como a “velha guarda”, Ary e Ciro não cantaram o Flamengo, mas demostraram o amor ao rubro-negro em planos bem mais íntimos e até mais fanáticos. Melhor, flanáticos. O primeiro chegou a dizer que não iria morar nos Estados Unidos por que lá não existia o Flamengo. Como radialista, narrava os jogos do clube do coração com uma gritante parcialidade, sempre acompanhado da antológica e pioneira gaitinha durante os gols do “diamante negro” Leônidas da Silva. Já o boêmio cantor das noites cariocas – lançado por Silvio Caldas em 1933 – segundo definição do próprio, foi o maior “aliciador de menores” da sua época. Além de gostar de contar engraçados “causos” sobre o Flamengo, Ciro Monteiro adorava tentar “persuadir” os filhos dos seus amigos a virarem flamenguistas desde pequenos. Aos recém-nascidos, enviava enxovais rubro-negros. A fama era tanta que a mania acabou virando uma espécie de samba-resposta do tricolor Chico Buarque. Mais a melhor resposta foi mesmo a do cantor “aliciador”, já que para desgosto do pai, a então futura atriz Silvia Buarque acabou virando mais uma apaixonada adepta dessa religião chamada Flamengo.
O baile rubro-negro
Ao contrário dos nobres colegas, Wilson Batista - tido pelos críticos como um cronista do Rio de Janeiro – foi quem mais cantou o Flamengo. Tanto na alegria das muitas vitórias e títulos, “Sou Flamengo de coração, Flamengo até em baixo d´água/Quem fala mal do clube campeão ou é de inveja ou é de raiva”, quanto nas frustrantes derrotas para os rivais, “Eu ontem vim da Gávea tão cansado com a cabeça inchada, pois o Flamengo voltou a perder”, o sambista sempre fazia questão de cantar as cores do seu amado time. E foi assim que surgiu o Samba Rubro-Negro: “Flamengo joga amanhã eu vou pra lá/vai haver mais um baile no maracanã/ o mais querido é o clube do meu coração,/eu já rezei pra São Jorge pro Mengo ser campeão...”. Um dos mais cantados e executados por todos os flamenguistas desde que foi composto, esse samba de Wilson Batista pode ser considerado uma espécie de terceiro hino do rubro-negro carioca.
Não bastasse ser o mais cantado do mundo, o Flamengo é ainda o único clube a ter dois hinos. Isso mesmo, há o Hino Oficial – também chamado de “marchinha” – criado em 1923 pelo ex-goleiro Paulo Magalhães (que assina letra e música): “Flamengo, Flamengo tua glória é lutar/Flamengo, Flamengo campeão de Terra e Mar...”. Depois vem o Hino Popular, sendo o mais tocado do Brasil. Não precisa nem o time ser campeão, é possível ouvir a arrepiante melodia espalhando-se pelos quatro cantos em qualquer época do ano. Não são poucos os casos de torcedores que comemoram seus aniversários também ao som da mais famosa composição de Lamartine Babo. E posso confessar que eu me incluo entre eles. E mais, todo dia 15 de novembro, não é exatamente o Hino Nacional que é tocado durante todo o feriado no país. São esses contagiantes versos, que mais parecem um chamado para uma grande batalha, que são cantados com louvor e orgulho: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo/Flamengo sempre eu hei de ser/É o meu maior prazer, vê-lo brilhar, seja na terra, seja no mar/Vencer, vencer, vencer...”.
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