Pesquise no Flamengo Eternamente

Pesquisa personalizada

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Uma paixão que também arde na arte – capítulo III

Uma paixão que também arde na arte – capítulo III

Luiz Hélio – luiz.Helio@flamengorj.com.br

Flamengo bom de bola e de samba – final


O Flamengo é um dos símbolos nacionais que mais inspiram a nossa produção cultural. E não é apenas na música e na literatura que o Mais Querido tem as suas glórias enaltecidas ou a sua magia mitificada. É algo que faz parte do imaginário popular tanto quanto o próprio futebol. Assim como o carnaval, o Flamengo é pura tradição. Sempre que o assunto cai no esporte preferido dos brasileiros, o rubro-negro, de um jeito ou de outro, é lembrado. Aliás, não só no futebol. Em quase todas as novelas da TV Globo que foram gravadas no Rio, houve algum tipo de alusão ao Mengo. Simplesmente tornou-se impossível citar o número de folhetins nos quais o time do povo foi tema dos diálogos das personagens ou até mesmo saber em quantos takes a camisa vermelha e preta enfeitou o cenário com a mesma naturalidade com que sempre são mostradas as praias e outras belas paisagens da cidade maravilhosa.

A paixão flamenguista também arde e é reverenciada em vários filmes nacionais. No ano de 1994 o renomado diretor Cacá Diegues nos brindou com o premiado “Veja esta Canção”, filme dividido em quatro curtas inspirados nas músicas “Você é Linda” (Caetano Veloso); “Samba do Grande Amor” (Chico Buarque), “Drão” (Gilberto Gil) e “Pisada de Elefante” (Jorge Benjor), esta última que abre a película e traz o Flamengo como enredo para um fascinante e trágico triângulo amoroso vivido por uma bela dançarina, um policial rodoviário ardorosamente flamenguista e um ídolo rubro-negro. Temos ainda o emocionante “Zico”, que narra a gloriosa trajetória do nosso maior ídolo de todos os tempos e “Amores Possíveis”, de Sandra Werneck, em que o filho de Carlos – personagem do ator Murilo Benício – aparece numa cena jogando bola na rua vestindo a camisa mais famosa do futebol brasileiro. Já em “Bossa Nova”, de Bruno Barreto, o flamenguista Alexandre Borges vive o papel de Acácio, famoso craque que está prestes a deixar a Gávea e ser vendido para a Europa. No recente e belo filme “Zuzu Angel”, o diretor Sérgio Rezende nos emociona revelando a trajetória do jovem estudante Stuart Angel - filho da famosa estilista que virou ícone na luta contra a ditadura – que enfrentou a intolerância do regime militar e foi morto de forma cruel. Mas antes disso, chegou a ser um grande atleta da equipe de Remo do Flamengo, mostrando porque a raça e a coragem são os maiores lemas de um autêntico rubro-negro. Imagens da nação e das bandeiras gloriosamente desfraldadas aparecem ainda nos filmes “O que é isso, Companheiro”, de Cacá Diegues, e no eletrizante “Cidade de Deus”, de Fernando Meireles, para citar somente os que foram vistos por este colunista.

Voltando à música. Após as calorosas e criativas declarações de amor ao mais brasileiro de todos os clubes, proferidas pelo genial Ary Barroso, pelo inesquecível sambista Wilson Batista e pelo badalado intérprete das noites cariocas Ciro Monteiro, o Mengo continuou mantendo uma relação muito íntima com alguns dos maiores craques da música popular brasileira. Ilustres que cantaram e continuam a cantar a alegria de ser rubro-negro, mostrando porque o Flamengo é bom de bola e de samba.

No embalo da Charanga

Durante quase cinqüenta anos a famosa “Charanga do Jaime” embalou as vitórias e saudou o time nos estádios por onde o Flamengo jogou. Em pouco tempo a bandinha de músicos ficou famosa e foi rebatizada de “charanga” por Ary Barroso por conta da desafinação dos seus componentes. Comandada por Jaime de Carvalho - baiano de Salvador que se mudou para o Rio em 1927, provando que a relação do Fla com a “Boa Terra” é antiga e intensa – a Charanga é considerada a primeira torcida organizada do Brasil. Além de trechos dos hinos, muitas marchinhas de carnaval ditaram o ritmo da equipe e fizeram a festa da torcida.

Assim como o Flamengo, a Charanga do Jaime nasceu para vencer. Sua estréia foi na final do estadual de 1942, contra o Fluminense, quando Jaime levou para o estádio uma turma de 15 músicos carregando instrumentos de sopro e de percussão, além de uma faixa com as palavras “Avante, Flamengo!”, ajudando o clube a conquistar o título daquele ano.

A partir do inovador e criativo pioneirismo da Charanga, o que era apenas uma numerosa e festiva torcida acabou virando uma poderosa nação. Uma espontaneidade musical tão latente que os cantos da inigualável massa rubro-negra chegaram a ser gravados através do selo Indie Records, no CD “Grito da Galera”. A Raça Fla – o maior movimento de torcidas do Brasil – naturalmente não poderia ficar de fora e também lançou o seu maravilhoso CD com as participações especialíssimas de Zico, Júnior, Sandra de Sá, Claudinho e Buchecha, além de outros músicos rubro-negros.

E a magnética assim cantava...

Ele chegou com inspiração... quando Benjor começa a cantar “Fio Maravilha”, é impossível a magnética ficar inerte e não cantar junto com o ponta-de-lança afro-flamenguista de tantos sucessos na mpb. “País Tropical” virou uma segunda “Aquarela do Brasil”, virando uma espécie de jingle turístico para apresentar o país aos gringos. Não é à toa que muito estrangeiro – famoso ou anônimo – faz questão de ao menos por uns dias também virar Flamengo. E o Jorge “salve simpatia” foi além, eternizou o Galinho e suas magistrais cobranças: “É falta na entrada da área, adivinha quem vai bater? É o camisa 10 da Gávea...”. Moraes Moreira, baiano de Pituaçu e um dos mais conceituados compositores da mpb, é outro nobre músico flamenguista que não cansa de cantar o seu time: “A gaitinha vai tocar como no tempo de Ary Barroso, pra comemorar mais um gol desse meu vitorioso Flamengo...”. Na despedida de Zico em 1983, cantou: “E agora como é que eu fico nas tardes de domingo sem Zico no maracanã?/E agora como é que eu me vingo de toda derrota da vida se a cada gol do Flamengo eu me sentia um vencedor?”, fazendo até hoje a nação chorar de emoção e de saudade.

Benito Di Paula, em “Meu Brasil, Meu Doce Amado”, confessou: “Eu não moro em Realengo, mas confesso, sou Flamengo”. E em “Charlie Brown”, anunciou: “Se você quiser vou lhe mostrar torcida do Flamengo outra igual não tem”. Wando perguntou e respondeu: “Quem é que faz a alegria do povo? Mengoooo, sacode galera vem Mengo de novo”. E o sambista Bebeto agradeceu o mundial de 1981: “Arigatô Flamengo, Arigatô Flamengo...”. Duas décadas antes, Gilberto Gil mandou “Aquele Abraço” pra nação. Além dos que já foram para o andar de cima, a exemplo de João Nogueira e Bezerra da Silva, ainda temos: João Bosco, Sandra de Sá, Djavan, Herbert Viana, Marcelo D2, Gabriel o Pensador, Alexandre Pires, Ivo Meireles, Caetano Veloso, a galera do Fundo de Quintal, a imensa maioria da nação mangueirense, da Beija Flor, da Estácio – que levou pra avenida o samba-enredo sobre o centenário – e muitos outros artistas que de uma forma ou de outra ajudam a manter sempre acesa a chama da paixão por esse clube que encanta e faz cantar todo o Brasil.

A discoteca básica do Flamengo é extensa e ainda não se sabe ao certo quantos sambas, marchinhas, choros, pagodes e até rocks foram feitos em sua homenagem. Em 1995, quando Júnior (craque na bola e no samba) gravou o CD do Centenário em parceria com Alceu Maia e grandes intérpretes, o pesquisador musical Airton Pisco havia catalogado mais de 60 composições. Entretanto, mesmo o time não conseguindo mais alcançar as glórias do passado esse número aumentou consideravelmente, pois a paixão pelo Flamengo vai além das vitórias ou derrotas. Afinal, bom mesmo é saber que o Mengo existe.

Para se ter uma pequena idéia disso, na última semana fui gratificado com o e-mail do rubro-negro Paulo Tinoco, de Macaé/RJ. Depois de ler a coluna aqui no site, entrou em contato comigo para informar que acompanha o Fla desde 1977 e que há vários anos tem pesquisado a relação Flamengo – Música. Atualmente, dispõe de um rico acervo formado por LPs, Compactos, CDs, DVDs e arquivos em MP3, totalizando 160 músicas (incluindo regravações), mais uma pequena lista de procura. Abaixo segue uma lista organizada pelo amigo Paulo e desde já agradeço o seu musical e rubro-negro “auxílio luxuoso”.

Esta semana a coluna é dedicada ao nosso eterno “maestro” Júnior, por tantas alegrias musicais dentro e fora de campo e também por manter inabalável o seu amor pelo Manto, considerando-o como a sua segunda pele.

Na próxima semana: Juazeiro/BA – de Nunes a Ivete, uma cidade Mengo Mania. SRN e até lá, se Deus quiser!

Luiz Hélio (Juazeiro/BA) é poeta e jornalista e escreve para os sites Flamengo RJ e o oficial do Clube toda terça-feira

MÚSICAS DE HOMENAGEM

MÚSICA

AUTOR

INTÉRPRETE

A Charanga do Flamengo

Felisberto Martins

e Fernando Martins

Alvarenga e Ranchinho

Arigatô Flamengo

Silva e Bebeto

Bebeto

Bola de pé em pé

Sebastião Batista e Jackson do Pandeiro

Jackson do Pandeiro

Carioquinha no Flamengo

Bonfiglio de Oliveira e Valdir Azevedo

Sivuca

Centenário de Paixão

Evandro Bocão, Eduardo Martins, André Diniz

João Bosco/Júnior

Coisas do Destino

Wilson Batista

Wilson Batista e solistas Nandinho, Pirillo e Vevé – Campeões de 1942

Continuo a ser Flamengo

Hélio Nascimento

Hélio Nascimento

Desafio do Flamengo e Fluminense

Caju e Castanha

Caju e Castanha

Eu sou Flamengo

Almir Juliasse e JF Lattari

Júnior

Fio Maravilha

Jorge Ben Jor

Jorge Ben Jor

Flaguei

Jaime Bochner

Clóvis Bornai

Flamengão

Bebeto e Ney Velloso

Bebeto

Flamengo

Bonfiglio de Oliveira

Sivuca

Flamengo

Tim Maia

Tim Maia

Flamengo até Morrer

Marcos Valle

Marcos Valle e Paulo S. Valle

Flamengo: Bahia de todos os Deuses

Adaptação popular do samba Bahia de todos os Deuses de Bala e Manuel

Wilson Simonal

Flamengo e Corinthians

Jotinha e Jotão

Jotinha e Jotão

Flamengo e Mangueira

Jair Binhote e Zé Neto

Júnior

Flamengo, Flamengo

Renato Luiz Lobo

Maria Creuza

Flamengo Maravilhoso

Luiz Ayrão

Luiz Ayrão

Guarda Rubro-Negro

Naylor Sá Rego

Castro Barbosa

Hino da G.R.E.S. Nação Rubro-Negra

G.R.E.S. Nação Rubro-Negra

Hino da Torcida do Flamengo

Getúlio Macedo e Lourival Faissal

Jorge Veiga

Hino do Flamengo

Lamartine Babo

Coral

Hino Rubro-Negro

Paulo Magalhães

Castro Barbosa

Manto Rubro-Negro

Evandro Bocão, Leonel e André Diniz

Jackson Martins

Marcha do Mengo

A. Regis, C. Filho e M. Martins

Horacinha Correia

Mengão

Belandi, Bastér e Nonato

Belandi, Bastér

e Grupo Sambalanço

Mengão – A nona Maravilha

Cristiano

Helinho

Mengão sempre Mengão

José Ventura e Luiz Moreno

Zé Ventura

Mengo

Edinho e Valdir Azevedo

Valdir Azevedo

Meu Flamengo, Meu Brasil

Hianto de Almeida e Jurandy Prates

Roberto Paiva

O Urubu Samuca – Mascote do Mengão

Ilton Saba

Ilton Saba e Coral feminino

Oração de um Rubro-Negro

Billy Blanco

Jamelão

Piranha - Hino Oficial da Embaixada dos piranhas

Armando Fernandes

Castro Barbosa com orquestra e coro RCA

Quem for Flamengo levanta o dedo

Luiz Moreno

Ari Lobo

Ser Flamengo

Ferreira Gomes, Bruno Gomes, Ayrton Amorim

Geraldo Pereira em 1951

Sou Flamengo

Pedro Caetano e Carlos Renato

Jorge Veiga

Uma vez Flamengo...

David Correa, Adilson Torres, Déo, Caruso

Dominguinhos do Estácio

Vasco x Flamengo

Francisco Malfitano e Murilo Caldas

Linda Marival e Murilo Caldas

Zico

Carlinhos Vergueiro

Carlinhos Vergueiro

MÚSICAS DE CITAÇÃO

MÚSICA

AUTOR

INTÉRPRETE

1967

Zé Gonçalves, Rodrigo Nuts e D2

Marcelo D2

1967

Zé Gonçalves, Rodrigo Nuts e D2

Marcelo D2

Agamamou

Art Popular

Art Popular e Jorge Ben Jor

Alô Alô Brasil – 40 anos de Rádio Nacional

Dominguinhos do Estácio

Samba Enredo Unidos São Carlos – 1977

Dominguinhos do

Estácio

Aquarilha do Brasil

Robertinho Devagar e Márcio André

Samba Enredo União da Ilha – 1988

Quinho

Aquele abraço

Gilberto Gil

Quarteto Teorema

Boa Noite

Djavan

Djavan

Charlie Brown

Benito di Paula

Benito di Paula

Eu vou torcer

Jorge Ben Jor

Jorge Ben Jor

Fla x Flu

Arlindo Cruz e Franco

Alcione

Gol Anulado

João Bosco e Aldir Blanc

Marcos Sacramento

Ilmo Sr. Cyro Monteiro

Chico Buarque

Chico Buarque

Jonny Pirou

Léo Jaime e Tavinho Paes

Léo Jaime

Marquinhos Cabeção

M.V. Bill

M.V. Bill

Meu Mengo

Luiz Américo e Braga

Luiz Américo

Monalisa

Carlinhos Vergueiro e Paulo César Feital

Carlinhos Vergueiro

O samba bate outra vez

Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro

Coro Saci, MPB-4, Chico Buarque, João Nogueira, Dona Ivone Lara, Elton Medeiros, Zé Kéti, Miúcha, Beth Carvalho, Walter Alfaiate, Maurício Tapajós.

Oito anos

Paula Toller e Dunga

Adriana Partimpim

Salve a gente Carioca

Hianto de Almeida e Jurandy Prates

Roberto Paiva

Salve a Torcida

Carlos Fernando

Chico Buarque

Samba, Mulher

e Mengo

César Costa Filho e Ronaldo Monteiro

César Costa Filho

Sou Flamengo, Cacique e Mangueira

Luiz Carlos

Grupo Fundo de Quintal

Só vou de Mulher

Haroldo Barbosa e Luís Reis

Os Cariocas

Sou nação 2004 – um rio de integração

Samba enredo do GRES Nação Rubro-Negra

Sobrinho

Vamos Mariquinha

Durval Vieira e Joci Batista

Genival Lacerda

Fonte: Paulo Tinoco - prtinoco@gmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Certamente o Flamengo é o clube mais cantado em todo o mundo.

Paulo Tinoco
Macaé.RJ