Em minhas últimas férias no Rio, tive a oportunidade de falar sobre jogos inesquecíveis, partidas que ficaram na lembrança seja pelos contexto como o 6 x 0 contra o Botafogo em 81 ou porque fizeram história... vitórias e derrotas. E pensando sobre essas partidas especiais, me veio em mente que um dos clássicos mágicos do futebol mundial, o Fla-Flu, é mais especial para mim do que outros. Pelo menos em quantidade! Este jogo, enquanto estive em campo, poucas vezes foi
uma partida normal não só pela rivalidade, mas por fatos e até situações bem curiosas!
Em 1976 teve o famoso Fla-Flu do "Troca-Troca" do presidente Francisco Horta e acabei fazendo os quatros gols de nossa goleada por 4 x 1. Com quatro anos de profissional, aquela era uma marca importantíssima para mim. E foi no clássico também, quase dez anos depois, no Caio Martins, que fiz minha volta aos gramados depois da lesão no joelho. Um empate em 1 x 1. Para encerrar, minha despedida em Juiz de Fora em 1990 foi contra o Fluminense e marquei um dos gols.
As linhas acima eu escrevi porque geralmente o assunto ao falar de jogos históricos pelo Flamengo é o 6 x 0 contra o Botafogo. Mas teve um Fla-Flu que pouca gente sabe ou se lembra que teve um fato envolvendo esse jogo de 81. Aconteceu um ano depois. Precisamente no
dia 29 de agosto de 1982, com 120 mil torcedores no Maracanã para a partida válida pelo Carioca. Nosso time entrou, como sempre, com fome de uma boa vitória. E assim Vitor, Marinho e Andrade marcaram nossos três primeiros gols com muita tranqüilidade, apesar da dureza do
clássico. Na cabeça de alguns certamente a lembrança do 6 x 0 do ano anterior contra o Alvinegro, mas a gente nem pensava nisso em campo. Queríamos era jogar.
Nosso time estava bem arrumado e usávamos a teoria do boxe que aplico até hoje. "Se tiver chance, tem que golpear o adversário até ele cair. Porque se der uma chance, ele pode reagir e aí já era! Tem que enfiar a faca e rodar". Com 3 x 0 estava bom, mas queríamos mais. Até que, de
repente, percebo que o jogou parou. Um torcedor do Fluminense correu em minha direção e se ajoelhou.
- Pelo amor de Deus, Zico. Fala para o time parar de fazer gols. O 6 x 0 que vocês enfiaram no Botafogo, não, pelo amor de Deus!
Foi o que deu tempo do rapaz dizer. Fiquei totalmente sem reação com aquilo, que depois rendeu boas gargalhadas. O Fluminense não fez nenhum gol, mas nós também não marcamos. Curiosamente o ataque ficou em branco, apenas jogadores de defesa balançaram a rede. Afinal,
clássico era sempre um jogo muito duro e não sei se nosso time conseguiria atender o pedido do torcedor tricolor, se tivéssemos a chance de fazer 6. Mas esse caso ficou marcado na minha lembrança, acho que foi a única vez que vi algo desse tipo acontecendo comigo.
Os Fla-Flus foram sempre mágicos e difíceis de esquecer...
Um comentário:
Hehehe... os tricolores dever ter sofrido um bocado com medo daquele time do Flamengo.
Paulo Tinoco
Macaé.RJ
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