Vivia sozinha aquela minha tia. Talvez tenha sido por isso que o Alzheimer evoluiu da maneira rápida como foi. Toda família sentia muito o drama dela e ajudava como podia.
Num certo dia, houve uma festa de aniversário lá em casa. Era a primeira vez que ela saía de casa depois da doença. Era visível o seu estado de saúde ruim, que inspirava bastantes cuidados. A todo instante ela perguntava às pessoas seus nomes e de onde eram. Esquecia inclusive dos nomes dos filhos.
Minha querida tia era uma das flamenguistas mais ardorosas que conheci. Sua paixão pelo Flamengo era acompanhada por filhos e por muitas pessoas da família, e, lógico, por mim também.
Num certo momento da festa pensei: “será que ela ainda lembra do Flamengo?”. Fui então buscar minha primeira camisa, ou melhor, Manto Sagrado, logicamente com o número dez de Zico às costas, dada de presente pela minha querida tia. Mostrei a camisa a ela e perguntei: “tia, a senhora lembra dessa camisa aqui?”
Imediatamente ela pegou a camisa e exclamou, emocionada: “olha, é a camisa do Flamengo que eu te dei!”. E, com os olhos marejados pela emoção, mostrou a todos que estavam em casa naquele momento de celebração a primeira camisa do Flamengo do sobrinho, flamenguista que nem ela. “Aqui, eu dei essa camisa pra ele!”, dizia, orgulhosa a quem estava por perto. Todos ficaram muito emocionados, inclusive os que não eram Flamengo.
São momentos como esses que nos fazem sentir de verdade a alegria de ser rubro-negro. É um sentimento único, indescritível, de puro amor a uma instituição que tanto representa para milhões de brasileiros e até não brasileiros. E isso vem lá de longe, começa em 1895, se espalha pelas ruas, invade nossos lares e passa de pai para filho, de tios para sobrinhos...de geração a geração.
A última vez em que estive com a minha tia foi nesse dia. E só posso ter dela as melhores recordações. Saudades tia! Um beijo e saudações rubro negras pra você, que hoje torce e vibra com o seu Flamengo num lugar bem melhor.
Urubu Guerreiro
http://maisumblogdoflamengo.blogspot.com/
7 comentários:
Realmente, a paixão por um clube supera limites que nem a ciência explica. Belo relato!Parabéns!FORTE ABRAÇO!
Fiquei verdadeiramente emocionada com esse episódio.
O sentimento de ser Flamengo resiste a todas as vicissitudes humanas, supera momentos de dor, de angústia e medo porque está arraigado nos corações de todos nós.
Que bom que você existe, Flamengo.
SRN!
Marcelle
voltei com o blog!!!
Valeu Warley!
Sem palavras...
Que isso.. To toda arrepiada aqui! Belissima historia que ilustra em exemploo que é ser Flamengo!
É isso ai Dani
E obrigado pelo texto que vc enviou.
SRN
Dona Geni...salve tia!
Amanha seremos tri, com fé em Deus
Valeu galera!
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