Essa reportagem é da Gazeta Esportiva. E mostra que o Flamengo pode ser campeão brasileiro apenas por ser o FLAMENGO.
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Como se forma um time campeão brasileiro? São muitas as teorias a respeito do tema: não atrasar salários dos atletas, não trocar de treinador durante a competição, não ter uma estrela com privilégios no grupo, não depender de um veterano... Se na caminhada rumo ao tri em 2006, 2007 e 2008 o São Paulo seguiu direitinho a 'cartilha', em 2009 o Flamengo derrubou todas as recomendações e, mesmo assim, arrematou a taça.
Seria a conquista do título pelo time da Gávea o prenúncio de uma nova 'Era' no futebol pentacampeão? Ter a estrutura e a calmaria nos bastidores, como são os casos do São Paulo e do Internacional, ter o mesmo treinador durante a maior parte da competição e tratar todos no elenco sem distinção não seriam mais pontos importantes para a construção de uma equipe vencedora?
Para alegria do Flamengo e dos milhares de torcedores que compõem a apaixonada 'Nação Rubro-Negra' nos quatro cantos do país, parece que não. Apesar de o São Paulo ter chegado novamente perto do título em 2009, a taça do Campeonato Brasileiro desta temporada foi para a sala de troféus de um clube com estrutura totalmente antagônica a do time do Morumbi.
Com dívida aproximada de R$ 330 milhões e um Centro de Treinamentos modernizado - Ninho do Urubu -, mas longe de ter a mesma estrutura do rival paulista, o Flamengo contou ainda com troca de treinador durante a competição - saiu Cuca, entrou Andrade, o 'ex-interino'- e teve, em seu elenco, jogadores que gozaram de certos privilégios no grupo, como o veterano Petkovic, de 37 anos e, especialmente, Adriano, o 'Imperador'. Mas terminou o campeonato à frente dos 'favoritos' Palmeiras (liderou por 19 rodadas), São Paulo e Internacional. O que explica tal fenômeno?
Ouvidos pela reportagem da Gazeta Esportiva.Net durante evento realizado no Rio de Janeiro, técnicos e jogadores tentaram enumerar os pontos que fizeram o Flamengo superar barreiras rumo a mais uma conquista nacional e chegaram a uma conclusão praticamente unânime: o Rubro-Negro foi a exceção à regra do sucesso no futebol. O verdadeiro campeão na contramão.
"Eu vejo essa conquista como a contramão do futebol, mas, quando o próprio grupo se junta e os jogadores se fecham entre eles, isso pode acontecer. Mas é claro que não é uma regra e o Flamengo chegou mais por conta dos adversários, que perderam fôlego e pontos nas rodadas decisivas", destacou Edinho Nazareth, atualmente desempregado, mas que traz no currículo passagens pela Gávea como jogador (foi campeão brasileiro em 1987) e treinador (1994/1995).
Outro que tem em sua trajetória no mundo do futebol ligação com o Flamengo é René Simões. Depois de passar rapidamente pelas categorias de base rubro-negras como jogador, preferiu dar ênfase aos estudos e deixar as quatro linhas para se tornar técnico. Atualmente desempregado, o estudioso René compartilhou da visão de Edinho quando o assunto foi o título do Brasileirão 2009. E admitiu que torce para que casos como o do time da Gávea não se tornem comuns no país. Pelo bem do futebol.
"O Flamengo é a exceção, né? Todos, até no próprio Flamengo, têm de encarar isso como exceção", alertou René, usando sua passagem pelo Fluminense em 2008 como argumento para embasar sua tese. "O Washington disse que é mais fácil treinar no São Paulo do que no Fluminense. Acaba o treino, tem refeitório, tem o quarto dele para descansar. Tem recuperação. Isso é o certo. Se o certo não foi campeão, tudo mais é exceção. E a gente não pode viver de exceções. A gente tem que viver de uma regularidade, da coisa certa", opinou.
Campeão da Série B pelo Vasco e anunciado como substituto de Wanderley Luxemburgo no comando do Santos para 2010, Dorival Júnior viu de perto o sucesso do vizinho na elite. E, apesar de concordar sobre a falta de estrutura adequada para os profissionais que trabalham na Gávea, minimizou a importância de o time ter em seu elenco um jogador com regalias em demasia, como Adriano, e outro que antes era considerado em final de carreira, como Petkovic.
"Organização, para mim, é fundamental, mas o resto não. Queria ter um jogador com 37 anos como o Petkovic e outro diferenciado, ganhando bastante, como o Adriano, porque sei que vão fazer a diferença. O Flamengo tem que se preocupar em formar uma estrutura para seguir sendo vencedor. Só isso".
A beleza do imponderável - Normalmente cético em suas opiniões, Carlos Alberto Parreira, comandante da anfitriã África do Sul na próxima Copa do Mundo, também conversou com a reportagem da GE.Net sobre o título brasileiro do Flamengo. E comemorou o fato de a escrita de títulos dos paulistas, teoricamente mais organizados, que durava desde 2004, ter sido quebrada.
"O futebol é bom porque não é uma ciência exata. Se fosse sempre dois mais dois igual a quatro ou três mais dois igual a cinco, não teria graça nenhuma. O Flamengo cresceu na hora certa e o título foi merecido", sintetizou o idealizador do Footecon, que neste ano alcançou sua sexta edição no Rio de Janeiro.
Sávio, que passou boa parte de sua vida de jogador nas fileiras da Gávea, acumulando 261 partidas e 95 gols pelos profissionais em duas passagens pelo clube (1992 a 1997 e 2006), endossou as palavras de Carlos Alberto Parreira: "Uma palavra define tudo: superação", dissertou o 'Anjo Loiro', parafraseando o tetracampeão do mundo na sequência.
"Futebol não é uma ciência exata. O Flamengo tem todos os problemas de estrutura, atrasa salários, coisas fundamentais para o sucesso, mas, em ocasiões como essa, o poder de superação faz a diferença. O Flamengo superou tudo e foi o vencedor".
2 comentários:
Maneira a reportagem. Muito boa mesmo.
Concordo que o Flamengo foi campeão na contra-mão do futebol moderno.
Mas tem uma coisa que nenhum deles falou, que acho que só o Flamengo tem - não é CT foda, nem um refeitório fudido ou uma super estrutura. É a mística do Manto Sagrado e a força da maior torcida do mundo, a Nação Rubro Negra.
SRN
Viva o Flamengo!
www.flahistorias.blogspot.com
twitter.com/flahistorias
Foi isso que eu quis dizer. O Flamengo tem o que nenhum deles tem: a mísitica e a força do FLAMENGO e isso muitas vezes basta.
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