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segunda-feira, 24 de maio de 2010

O jogo mais emocionante da minha vida

27 de maio de 2001. Aquele domingo jamais seria apagado da vida de milhões de brasileiros. Acordei me sentindo diferente, muito nervosa, ansiosa, um frio na barriga nunca tinha durado tanto tempo. Tentei seguir a rotina, mas tudo começou diferente, quando em pleno dia de descanso meus olhos abriram muito cedo e não quiseram mais fechar. Era o dia da decisão. O último jogo do Campeonato Carioca, o jogo que determinaria a fama de vice do Vasco e a fama de carrasco do Flamengo.

Não almocei direito, o estômago estava embrulhado, resolvi ir com meu pai até a casa da minha madrinha, do outro lado da rua, para o tempo passar mais rápido. Quando estava de saída, meu primo – hoje tão rubro negro quanto eu - brincou e falou: “Qual o placar de hoje, Paola?” e eu, sem pestanejar falei: “3X1 pra nós, com um gol de falta do Pet aos 40 do segundo tempo pra fechar o caixão!”. Ele riu, deu o palpite dele que nem me lembro qual foi e segui meu caminho de volta.

É de família. Dia de decisão tudo tem que ser igual, mesmas pessoas juntas, mesma TV, mesmo tudo da última grande final. Lá fui eu para meu quarto na companhia do meu pai para nos posicionarmos e fazer corrente positiva fluir.

Fiquei doida, nunca roí unha, mas nesse dia não restou uma, no meio do segundo tempo eu já chorava de nervoso e assistia ao jogo de pé, como se estivesse na arquibancada do Maracanã. Aos 39 já ganhávamos de 2X1 quando houve uma falta na entrada da área a favor do Flamengo. Eu gelei! Pet ajeitou a bola, mas errou. No fundo eu sabia que ainda faltava alguma coisa, sei lá. Quando aos 43, outra falta. Algo me dizia que aquela era a hora, uma simples brincadeira com meu primo começava a tomar forma de previsão, o que me deixou mais ainda num estado de nervos inexplicável. Pet bateu e fez o gol. O “meu” gol! Eu vi aquela bola entrando em câmera lenta na mesma proporção em que meus joelhos iam dobrando, e quando eu estava quase no chão, meu pai me abraçou e me levantou. Foi o único dia em que realmente minhas pernas não obedeceram, eu estava completamente sem controle do meu próprio corpo! Eu chorava copiosamente, meu pai estava incrédulo por eu ter narrado horas antes exatamente o que viria a acontecer, eu já não era mais dona de mim, eu estava entregue ao Flamengo! Ele comandava minhas pernas, minhas lágrimas, minha voz e quando o jogo acabou, enquanto todos comemoravam, toca o telefone da minha casa e do outro lado da linha ouço um menino falando:” Sua bruxa! Somos TRI! Obrigado!”. Meu primo tinha na época 9 anos, e naquele dia ele soube exatamente o que estaria por vir, o que ele começaria a sentir de verdade naquele coraçãozinho rubro negro: O gostinho de ser vitorioso!

O Hexa foi sensacional, foi o título mais importante ao longo dos meus 28 anos em que eu REALMENTE respirei futebol e sofri em todos os minutos, principalmente pelo tempo ter me dado um melhor entendimento sobre meu amor pelo Flamengo, mas o Tri Estadual de 2001, esse sim, foi o jogo mais emocionante de toda minha vida.

Paola Kohn

8 comentários:

Nicholas disse...

Olá. Após quase um ano, resolvi voltar com o meu blog. Espero que possamos manter a nossa troca de links. Um grande abraço!

Paola disse...

Obrigada pela preza, Warley!!!

SRN!

Retrato na Parede disse...

Legal o Blog, parabéns!!

warley.morbeck disse...

Obrigado a todos e em especial À autora. Aguardo outros textos. ME passa o seu blog que coloco o link para ele.

Jogo Aberto disse...

blz?
Bom dia, eu vi i na sua listas de parceios o meu blog sobre o futebol carioca eu mudei para esse de baixo.
http://leonardokope.blogspot.com/
Futebol aqui é total !

ai se der trocar o link la blz?

warley.morbeck disse...

Qual era o link, Leonardo?

voo do urubu disse...

Beleza de relato, Paola!

Saudações rubronegras.

Unknown disse...

Sou testemunha viva dessa história, desse rolo compressor de emoções !! Eu diria que esse jogo foi também o mais importante da minha vida, não só pelo resultado, não só por mais um Tri mas, principalmente, porque pude ver/viver em minha filha - a autora do texto - uma coisa que jamais pude explicar: o que é ter um coração rubro negro ! Parabéns pelo texto, Paola !! Pai orgulhoso.