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segunda-feira, 3 de março de 2014

A Montagem do Quebra-cabeça Rubro-Negro




Afinal, quem é mais qualificado para avaliar quais atletas estejam aptos para envergarem o Manto Sagrado? Os “cornetas” do Facebook? O passional da arquibancada? Os comentaristas esportivos profetas do passado? Ou seria nosso treinador Jayme de Almeida?

Quando assumi consciência rubro-negra, o Campeonato Brasileiro ainda era algo insipiente. A ditadura militar tinha no futebol uma forma de desviar o foco dos graves problemas do País. Dentre as cortinas de fumaça houve a conquista da Copa do Mundo de 70 e a criação de um Torneio que suscitou um ditado: “Aonde a ARENA vai mal, mais um time no Nacional”.

Diante daquele quadro não me recordo de ver times competitivos do Flamengo nos campeonatos brasileiros de 1971 a 1978. Até aquele momento as grandes conquistas rubro-negras eram regionais, e os confrontos com os demais grandes clubes do planeta se materializavam em jogos amistosos, com destaque para constantes excursões pela Europa e Arábia.

Pouco se fala hoje em dia, mas aquela geração vitoriosa da década de 80 surgiu após uma reorganização político-financeira do Clube de Regatas Flamengo. Não se montou o grupo vitorioso de 1980 a 1987 apenas na sorte em se aproveitar craques formados na base, mas sim principal e fundamentalmente devido a seriedade do trabalho implantado pelo grupo dirigente. Se, ao perder duas decisões consecutivas nas penalidades máximas para o Vasco em 1977, a diretoria do Flamengo tivesse mandado todo mundo embora, certamente permaneceríamos no mundo da fantasia, falando de glórias nunca conquistadas, como certos torcedores de algumas agremiações se vangloriam contraditoriamente, para poder mascarar os insucessos de seus times.

Aquela “mágica” gestão foi apagada após o título brasileiro de 1992, embora o tempo ainda nos trouxesse um presente em 2009, já que aquela conquista pouco, ou nada, teve que ver com exemplos de boa administração. O Flamengo do novo século era claramente uma zona de guerra, onde os preços pagos eram exagerados em relação aos resultados obtidos. Se não fomos rebaixados, devemos agradecer a mística do Manto Sagrado e ao apoio da Magnética.

Todavia, o Flamengo entrou claramente em uma nova era. Embora torcedores de outras agremiações ainda continuem nos atacando por problemas que até pouco eram fartamente noticiados, se o fazem agora é por desconhecimento ou medo. Medo de que, em se tornando novamente organizado, o Flamengo tenha tudo para se tornar um clube tão ou mais vencedor do que o da década de 80.

Ocorre, porém, que a diretoria, por mais sábia que seja não entra em campo. Para a nossa sorte, Jayme de Almeida viu o despertar daquele grupo vencedor. Testemunhou nada menos do que os primeiros passos de Zico no futebol profissional do Flamengo. E, entre primeiros passos e a conquista do Campeonato Brasileiro de 1980 foram oito anos. Oito anos!!!

Nos tempos modernos oito anos são inaceitáveis para o gigante representante de 40 milhões de apaixonados. Por isso que, conquistar de cara um título importante logo no primeiro ano de uma gestão comprometida com um Flamengo inabalável, sério, vencedor, pode ser considerada como uma dádiva. Jayme de Almeida claramente ajudou na conquista desta façanha. Por isso que, ao ver a entrevista de nosso treinador se queixar das recentes vaias para Lucas Mugni e Luís Phelipe Muralha, de cara percebi que as perguntas do primeiro parágrafo deste texto não podem suscitar dúvidas.


Talvez em função do gigantismo de nossa Torcida, existam críticas para todos, e enfatizo o “todos”, os jogadores deste elenco, salvo Samir, coincidentemente lançado na equipe pelo próprio Jayme de Almeida. Samir tem sido o único que, mesmo quando falha parece ser blindado pela Magnética, provavelmente pelo fato de ser um dos poucos jogadores oriundos da base rubro-negra que demonstra maturidade suficiente para ser titular de imediato.

Mas Felipe, Wallace, Léo Moura, André Santos, Cáceres, Amaral, Muralha, Mugni, Alecsandro, Paulinho e o próprio Brocador, não podem se dar ao luxo de errar. Erazo então, já foi taxado por muitos como pereba. Mas eu diria que Erazo é o Wallace da vez, só que jogador de seleção. Do Equador? Sim, mas o Emelec, que tanta dor de cabeça já nos proporcionou, também é de lá...

Na prática, o Flamengo sempre foi um quebra-cabeça. O que vivemos atualmente é uma montagem com peças certas para os lugares certos. Para alguns que pediam Julio Cesar, ouso afirmar que o gol definitivamente não é o problema deste grupo. Acredito que também estejamos bem servidos de zagueiros, e considero Erazo uma dessas peças, com a qual poderemos contar com ele e Chicão para as partidas da Taça Rio. Afinal, Chicão tem maturidade suficiente para corrigir os problemas de posicionamento de Erazo.

Com a chegada do Léo, o outro Léo Moura, com os salários em dia, vem nos brindando com boas atuações. Nosso problema está do outro lado. André Santos é uma avenida, marcando muito mal. Ainda se salva quando vai ao ataque, desde que não faça graça. André Santos, como bem diz meu amigo Oswaldo Junior, acha que é o Zidane. Se ele jogar com a devida humildade, poderá deixar ser considerado um elo muito fraco.

No meio de campo tempos dois problemas. A ausência de um jogador moderno e inteligente como Elias, e a falta de um meia armador clássico. Por incrível que possa parecer não possuir um “10” de origem não nos deixa em situação desesperadora, afinal são poucas as equipes que o possuem e, normalmente quando o tem, esse jogador costuma ser um a menos para marcar. O Gabriel, outro tremendamente criticado por todos nós (e eu o critiquei bastante em 2013), contribui bastante, tanto na armação, quanto na marcação. Gabriel e Everton dão qualidade técnica e tática ao Flamengo 2014.
Não obstante tudo que abordei até agora, quero ressaltar que, mesmo estando tudo certo, salários em dia, dívidas equalizadas, consistência do futebol apresentado, não há garantias para que conquistemos algo relevante neste ano, principalmente em uma competição tão imprevisível como a Taça Libertadores da América, onde uma simples partida pode nos tirar da disputa.


Temos que dar os devidos pesos para cada competição. O Carioca vale muito pela rivalidade regional, pelo ajuste do elenco e financeiramente tem que ser auto-sustentável, se possível. A Taça Libertadores vale muito pelo aspecto financeiro. Ela não vale mais do que um Campeonato Brasileiro, por exemplo. Um Campeonato Brasileiro é muito mais difícil de ser conquistado, não há nem como comparar. Mas a Liberta detém seus atrativos.

Gosto muito da Copa do Brasil. Acho legal ver o Mengão lotando estádios afastados do Rio de Janeiro. Mas este tipo de competição, se por um lado privilegia o aspecto da técnica aliada a raça, pode também representar uma desclassificação precoce, ou uma frustração no jogo final. Como a Libertadores tornou-se meta (enfatizo, por sua importância financeira), acredita-se ser mais fácil buscar uma vaga via Campeonato Brasileiro.

E, no Brasileirão, as equipes mais regulares têm lugar praticamente garantido nas primeiras posições. E mais, com um Flamengo competitivo, as receitas oriundas das bilheterias podem ser tão libertadoras quanto as provenientes do Programa de Sócio Torcedor.

Um Flamengo forte e organizado pode permitir a vinda de um grande craque, concomitantemente que pode tornar a subida dos “Pratas da Casa” menos árdua. Um time unido, derivado de um elenco de qualidade pode nos proporcionar que um jogador como Hernane se torne um goleador e, quem sabe, ídolo registrado na história rubro-negra.


Da minha parte, fica a dica: façamos o que nos compete, vamos apoiar esse grupo, que já demonstrou ser capaz de responder bem em campo aos gritos da arquibancada. Na hora de chamar a atenção e fazer as devidas alterações, Jayme já nos demonstrou que sabe muito bem o que faz.

Se for para sonhar, que seja com o camisa 10 da Seleção Argentina. Mas aí a coisa ficará fácil demais, e nem parecerá Flamengo.


Cordiais Saudações Rubro-Negras!
Ricardo Martins – Embaixada Fla BH

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