Em 1983, um então desconhecido Bebeto tropeçava as escadas do vestiário quando foi chamado para fazer sua estreia pelos profissionais do Flamengo diante do modesto Tiradentes, do Piauí. O resultado final foi uma vitória por 2 a 0 e o início de uma carreira que chegou ao auge em 1994, quando conquistou o tetracampeonato Mundial com a Seleção Brasileira formando com Romário uma inesquecível dupla de ataque. Todo esse filme voltou a passar pela cabeça do ex-atacante ao olhar Matheus, seu filho de apenas 17 anos, repetir os seus passos com a camisa rubro-negra.
No último sábado, Matheus saiu do banco para realizar diante do Olaria seu primeiro jogo como profissional. O resultado final, um 0 a 0, certamente não foi melhor do que o do pai. Mas na avaliação de Bebeto, um fator já foi determinante para que a estreia do filho tenha sido melhor que a sua. E ele lembrou com muito bom humor do ocorrido.
- Achei maravilhoso. Ele não tropeçou como eu (risos). Só por isso já foi melhor - brincou Bebeto, que não conseguia esconder o orgulho e a felicidade do filho que foi homenageado com a emblemática comemoração embala neném após marcar diante da Holanda na Copa de 1994. - Realmente é uma emoção muito forte para mim. Comecei minha vida aqui vestindo este manto sagrado que hoje é ele quem veste. Contei para o Matheus a minha história antes do jogo e todo o filme passou pela minha cabeça quando o vi em campo.
Bebeto é crítico com o filho. Desde pequeno sempre cobrou bastante. Mas ao falar do futuro de Matheus não consegue ser imparcial. Segundo o ex-atacante, ele tem tudo para repetir seu sucesso.
- Ele entrou bem, mostrando muita personalidade, como deve ser. Além disso, tem qualidade também. O Matheus é inteligente e diferenciado. Não é todo mundo que consegue fazer a ligação com toques rápidos. E a cada dia ele vai pegando mais confiança. É um rapaz tranquilo, centrado e confiante. Antes do jogo eu senti que ele estava louco para estrear e conseguiu ir muito bem. Com certeza tem muita coisa pela frente. Basta manter o pé no chão e trabalhar - projetou.
Matheus ouvia com orgulho as palavras do pai. Antes disso, não conseguia disfarçar a alegria pela estreia como profissional. Agradeceu a Deus e ao interino Jaime de Almeida pela oportunidade e confiança dadas. Sincero, admitiu que sentiu um frio na barriga assim que foi chamado. Mas, mostrando personalidade, afirmou que isso passou assim que pisou no gramado do Engenhão. E lembrou dos conselhos dados pelo pai antes do jogo contra o Olaria.
- Conversei muito com ele. Meu pai teve uma bela carreira e ela serve de exemplo para mim. Ele me passou muita tranquilidade, falou para eu fazer o meu melhor e acho que consegui. Faltou o gol, mas vou seguir trabalhando para receber as chances ao longo da temporada - afirmou Matheus, que, além do pai, considera Ronaldinho Gaúcho e Paulo Henrique Ganso como fontes de inspiração.
Enquanto caminhava ao lado de amigos para encontrar o pai, Matheus comentava as chances que teve no jogo. Lamentou o bloqueio do defensor do Olaria em um chute que deu e comentou a falta que cobrou torcendo por um desvio de algum companheiro. Como ele próprio disse, faltou o gol e, por isso, não pôde fazer a comemoração. A primeira vai ser como a do pai em 1994? Por enquanto ele prefere manter o mistério.
- Não sei como vai ser ainda. Deixa o gol sair primeiro. Na hora sai alguma comemoração - finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário