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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Caçando Mitos - Alfarrábios do Melo

CAÇANDO MITOS – PARTE 4
O MITO
A Final do Estadual de 1981 foi um roubo, um escândalo. O Flamengo vencia por 2-1 e, quando o Vasco mais pressionava, um ladrilheiro contratado pela diretoria rubro-negra invadiu o campo para evitar o empate que era certo. A paralisação esfriou o Vasco. O jogo deveria ser anulado e disputado de novo. O ladrilheiro decidiu a partida. Uma vergonha!”
OS FATOSImage
Ao que me conste, os gols do Flamengo foram de Adílio e Nunes. Não me lembro de ter visto gol do ladrilheiro (que, aliás, tem nome: Roberto).
De qualquer forma, vamos lá. Primeiro, reproduzo aqui o que exatamente aconteceu após Ticão marcar o gol vascaíno, aos 39 do segundo tempo.
O Flamengo dá a saída, Figueiredo recua a bola para Raul, que dá um chutão. Chiquinho divide com um vascaíno, que ganha pelo alto, mas a bola sai pela lateral. Nei Dias cobra para Zico, que sofre falta de Dudu, mais ou menos na divisória do gramado. O rapaz invade o campo e o jogo é paralisado.
Onde está a pressão vascaína? Onde está o empate líquido e certo?
Aliás, esse gol do Ticão foi um achado, por conta de uma falha individual do nosso zagueiro Marinho. Até esse lance, o Vasco havia tido, em todo o jogo, UMA chance clara de gol, numa cabeçada do Roberto. O Flamengo dominava amplamente a partida e o terceiro gol parecia iminente. A própria transmissão da época já relata que alguns torcedores vascaínos deixavam o estádio momentos antes do seu gol.
Seguindo com o relato da invasão, o ladrilheiro Roberto faz umas presepadas até ser detido pelos policiais. O tempo exato entre a paralisação do jogo e a detenção do torcedor é de 36 segundos. Eu disse trinta e seis segundos. Não me consta que seja tempo suficiente para esfriar algum time. No entanto, o jogo fica paralisado por cerca de cinco minutos. Isso porque, naqueles 36 segundos, ainda há tempo para o lateral vascaíno Gilberto acertar um catiripapo no torcedor, o que irrita os jogadores flamengos (especialmente Nunes), que partem para a porrada, gerando o melê que realmente paralisa a partida.
Ou seja, o jogo ficou parado cinco minutos porque um jogador vascaíno agrediu um torcedor do Flamengo. Ponto.
Não acredito muito nessa lorota de diretoria ter mandado o torcedor invadir, embora não haja provas de que essa tese seja verdadeira ou falsa. Até porque, após o primeiro gol do Flamengo, outro torcedor invadiu o campo (as câmeras não mostram, mas a transmissão da época é bem clara), o que indica que a segurança não estava intransponível, como gostam de apregoar os vascaínos. Na verdade, a própria diretoria do Flamengo (especialmente Michel Assef) é que espalhou a história, buscando algum tipo de dividendo na política interna do clube.
Concluindo, acho que o Vasco, mais do que reclamar, devia agradecer ao ladrilheiro. Pois ele lhes deu um álibi.

O MITO
O tricampeonato de 1979 é uma dessas histórias que a FlaMídia empurrou goela abaixo. O Flamengo foi na verdade bicampeão, esse Campeonato ‘Especial” foi um engodo, não pode nunca contar como título, pois é um absurdo haver dois campeonatos em um mesmo ano.”
OS FATOS
Essa cascata começou a ser disseminada “coincidentemente” após o Flamengo tomar do Fluminense o posto de maior campeão no âmbito estadual, tirando do rival mais um argumento que lhe conferia alguma pretensa relevância. O Rei do Rio magoou…
Mas a realidade também não é romântica. Houve alguma confusão, sim, embora sem o caráter delirante de alguns textos que têm perambulado por alguns sites tricolores. Vejamos.
Foi o seguinte: com a fusão do RJ com a Guanabara, houve paralelamente a necessidade se serem fundidas as respectivas federações, medida que andou sendo protelada por pressões políticas dos clubes cariocImageas (os grandes receavam viagens desgastantes e os pequenos temiam perder espaço). Até que em 1978 (após três anos) o CND obrigou que a fusão acontecesse “na marra”.
Assim, foi determinado que em 1978 ocorresse o primeiro Estadual, dividido entre os clubes da Capital e os do Interior, que disputariam seus campeonatos separados, que teriam caráter classificatório para o Estadual. O problema é que, em função da falta de datas, essa fase Estadual (de 1978) somente teria início em fevereiro de 1979, o que geraria uma bagunça monumental. Quando a nova Federação, decorrente da fusão (FFERJ), foi criada (ainda em 1978), essa distorção foi eliminada, definindo-se que o primeiro Estadual já seria válido pelo ano de 1979 mesmo, com dez clubes, apurados pelas classificações do Carioca e do torneio do Interior.
A confusão começa aí. Porque a FFERJ estabelece em seu Estatuto um Campeonato Estadual com 10 clubes, mas os pequenos se aliam no primeiro Conselho Arbitral e cravam 18 times. Os quatro grandes se rebelam e anunciam que somente irão aceitar o campeonato com dez equipes. O CND (Conselho Nacional de Desportos) homologa o Estatuto de dez clubes, mas a CBD (que andava se estranhando com os grandes do Rio na época) dá razão aos pequenos e aceita a tese dos 18 clubes (na época a CBD se metia nesses assuntos. Fortemente). Surge o impasse.
Rondinelli dá ao Flamengo o último Campeonato Carioca da história e 1979 começa sem uma definição adequada sobre o primeiro dos Estaduais. Novo Conselho Arbitral é convocado e os pequenos, contando com a estranha adesão do Fluminense, tentam retomar a esdrúxula tese de iniciar em fevereiro o Estadual de 1978. Percebendo segundas intenções na manobra (aka “virada de mesa”), o Flamengo, apoiado por Botafogo e Vasco, impede sua consumação. Até que o presidente vascaíno surge com uma proposta que, apesar de anômala, acaba se tornando aceita. Disputar dois campeonatos, um com 10 equipes e outro com 18 times (desde que “filtrados” no meio da competição). Uma vez que o Campeonato Brasileiro somente terá início em outubro, não havendo o que fazer entre abril e setembro, chega-se ao entendimento, e a proposta é aprovada [por unanimidade].
Ou seja, em 1979 a Federação do Rio instituiu PREVIAMENTE, e com a aprovação UNÂNIME dos clubes, a realização de DOIS Campeonatos Estaduais OFICIAIS, que aliás transcorreram sem maiores problemas extracampo. O Flamengo conquistou os dois sagrando-se assim tricampeão. Aliás, as irisetes deveriam deixar essa história pra lá. Porque a superioridade do Flamengo em campo foi luxuriante, devassa, pornográfica. SETE turnos colocados em jogo, o Flamengo ganhou os SETE. Goleadas históricas, equipes grandes, médias e pequenas atropeladas sem distinção. Zico fazendo gol de frente, de costas, de ladinho.Image
Ah, e não pode ser campeão duas vezes no ano? Ué, a CBF refez recentemente a lista dos campeões brasileiros e muita gente comemorou, celebrou, disse que se fez justiça. Nessa lista nova consta que em 1967 e 1968 houve dois campeonatos brasileiros (Taça Brasil e RGP), e que em 1967 o Palmeiras ganhou os dois.
O Palmeiras pode e o Flamengo não pode? Como é isso?

O MITO
O Flamengo vive dizendo que nunca foi rebaixado. Mas em 1933 o time ficou em último no Carioca e caiu pra segunda divisão. Virou a mesa e impediu o rebaixamento. Essa história a Globo não conta.”
OS FATOS
Deixei o caso mais hilário para o final.
O grande problema de se contar uma história é que as pessoas, muitas vezes, não contam o que aconteceu, mas o que gostariam que tivesse acontecido.
Serei bem breve, até porque não tenho a vivência prática dos arco-íris no assunto. Só gostaria que fosse respondida uma singela questão.
Como é possível haver rebaixado se não há rebaixamento?
O rebaixamento no Carioca começou em 1914 e vigorou até 1923, com algumas interrupções, ocorreu esporadicamente em 1928 e 1937, sendo retomado de forma contínua apenas em 1961. Em 1933 o futebol no Rio estava dividido entre a associação amadora (AMEA – Botafogo) e profissional (LCF – demais grandes). No campeonato da LCF o time chegou em sexto e último lugar, o que, quase oitenta anos depois, tem assanhado algumas cassandras apressadas.
Só tem um probleminha. A LCF contava com seis equipes. Não havia time suficiente para elaborar acesso e descenso. No ano seguinte, o São Cristóvão (outro dissidente da AMEA) enfim foi aceito (o Fluminense andou vetando sua entrada) e o torneio passou a ser disputado pelo máximo de equipes possível, total de sete. Simples assim. Aí colocam vídeo repetindo um mantra sem argumento, sem história, sem assunto, sem nada. Linguiça. Ainda falam que o Flamengo foi o único a ser lanterna, a ser rebaixado no Carioca, essas coisas. Sei…
Bem, eu também poderia colocar um videozinho falando do último lugar do Fluminense em 1921 ou da lanterna do Botafogo em 1923. Nesses anos não houve cisão e havia rebaixamento. Ou ainda melhor, comentar o estranho caso do Vasco, que jogou a TERCEIRA Divisão em 1916 e foi LANTERNA, com direito a sofrer 10-1 de um tal Paladino FC. E mesmo tendo ficado em último, foi PROMOVIDO para a Segunda Divisão no ano seguinte.
Em todos esses casos há uma explicação. Mas não vou dá-las aqui. Torcedor que vá atrás da história de seu clube.
Porque muitos conhecem pouco ou nada do time por quem torcem. Mas do Flamengo se arrogam especialistas.
http://flamengonet.wordpress.com/2012/09/04/alfarrabios-do-melo-32/

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