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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Biguá: o lateral-direito do primeiro tri carioca

          Moacir Cordeiro, mais conhecido como Biguá, nasceu no dia 22/3/1921 e disputou 388 jogos pelo Mengão entre 1941 e 1953, marcando sete gols. Foi um dos maiores laterais direitos da história do clube por aliar raça e técnica e, segundo Ruy Castro, foi um dos primeiros laterais a defender e apoiar bem. Assim como Zico, Leandro, Junior e Carlinhos, Biguá só defendeu o Flamengo no Brasil. Fiquei encantada ao ler sobre Biguá no livro (e-book) O vermelho e o negro, de Ruy Castro (São Paulo: Companhia das Letras, 2012) que resolvi homenageá-lo na coluna desta semana.
        Biguá foi fundamental para a conquista do primeiro tricampeonato carioca conquistado pelo Flamengo (1942-1943-1944). O time rubro-negro do início da década de 1940 comandado por Flávio Costa contava com craques como o goleiro Jurandir, o fantástico Domingos da Guia, a famosa zaga formada por Biguá, Bria e Jaime; o genial Zizinho, ídolo de Pelé e um dos maiores jogadores do futebol brasileiro, Perácio, Pirillo, Valido e Vevé, heróis de toda uma geração de rubro-negros como o escritor Ziraldo e meu padrinho e tio José.
No Campeonato Carioca de 1942, depois de derrotar o Botafogo por 4 a 0 — com dois gols de Perácio, um de Pirillo e outro de Jaime e também com grande atuação de Biguá — o Flamengo empatou em 1 a 1 no jogo contra o Flu na última rodada. Pirillo marcou o gol rubro-negro e garantiu o título. O time que conquistou o campeonato deste ano foi Jurandir, Domingos da Guia, Newton, Biguá, Volante, Jaime, Valido, Zizinho, Pirillo, Nandinho, Vevé. A Charanga do Flamengo, primeira torcida organizada do Brasil, foi fundada por Jayme de Carvalho em um Fla-Flu no mesmo ano.
No ano seguinte, o argentino Valido foi trabalhar numa gráfica. Perácio o substituiu e o Flamengo foi bicampeão carioca. Vale destacar as goleadas de 6 a 2 no Vasco (dois gols de Perácio, dois de Pirillo, um de Zizinho e outro de Vevé) e de 5 a 0 no Bangu (três gols de Perácio, dois de Pirillo) nas rodadas finais da competição. O time bicampeão foi Jurandir, Domingos da Guia, Newton, Biguá, Bria, Jaime, Jacir, Zizinho, Pirillo, Perácio e Vevé.
            Em 1944, a missão do Mengão foi mais árdua. Domingos da Guia foi vendido para o Corinthians. Apesar da derrota por 2 a 1 na primeira partida contra o América, o Flamengo se recuperou e venceu o Botafogo por 4 a 1 no jogo seguinte com grande atuação de Zizinho que marcou dois gols. Pirillo e Biguá completaram o placar. Mas o Flamengo teve que superar muitas adversidades para conquistar o tricampeonato carioca. Durante o Carioca daquele ano, o atacante Perácio foi convocado para defender o Brasil na Segunda Guerra. Além disso, o técnico Flávio Costa teve vários problemas médicos para escalar o time no fim do campeonato carioca e resolveu chamar Valido de volta. O atacante jogou na goleada de 6 a 1 no Flu (com dois gols de Pirillo, um de Bria. um de Tião, um de Jaime e outro de Zizinho). No jogo final contra o Vasco, o Mengão teve de mostrar a verdadeira raça rubro-negra: Zizinho estava machucado, Pirillo estava com inflamação nos testículos e tomou medicamentos para entrar em campo; Valido estava gripado e febril. Estavam fora das condições físicas ideais, mas honraram o Manto. O Flamengo venceu por 1 a 0 e o atacante argentino marcou o gol do título de cabeça. Festa da torcida ao comemorar o primeiro tri derrotando o arquirrival cruzmaltino. O time tricampeão carioca foi Jurandir, Newton, Quirino, Biguá, Bria, Jaime, Jacir (Valido), Zizinho, Pirillo, Tião e Vevé.  Biguá, Bria, Jaime e Zizinho foram os únicos a disputar todos os jogos da competição.
         Indicado por Domingos da Guia, Biguá recusou propostas do Corinthians. Não aceitou jogar pelo clube paulista nem ganhando o dobro do salário que ganhava no Flamengo. Tudo por muito amor pelo Mengão. Biguá parou de jogar no início de 1953 e, segundo o livro O vermelho e o negro, de Ruy Castro, o lateral direito fez sua despedida num Flamengo X Botafogo em janeiro de 1954. Não jogou, mas foi reverenciado pelos jogadores e pela torcida rubro-negra. Entregou suas chuteiras a Carlinhos, jogador dos juvenis na época e que fez muito sucesso conquistando vários títulos como jogador na década de 60 e como treinador do Flamengo nos anos 80, 90 e em 2000.
             Adorei pesquisar sobre Biguá, um dos grandes ídolos da história rubro-negra, e recordar o primeiro tricampeonato carioca conquistado pelo Flamengo.

Fontes:
http://www.flaestatistica.com/jogadores.html
Castro, Ruy. O vermelho e o negro. Edição revista e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Vaz, Arturo, Júnior, Celso e Filho, Paschoal Ambrósio. 100 anos de bola, raça e paixão: a história do futebol do Flamengo. Rio de Janeiro: Maquinária Editora: 2012.
Ziraldo. O mais querido do Brasil em quadrinhos. São Paulo: Globo, 2009.

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