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sábado, 31 de março de 2007

Flamengo até morrer... (Gilberto Cardoso)

O golpe fatal do destino levou Gilberto Cardoso a interpretar, fielmente, aquela estrofe do hino rubro negro – “Sou Flamengo até morrer”.O presidente que dedicava as 24 horas do dia ao seu clube, comparecendo e incentivando os atletas nas competições de todos os esportes, desapareceu sem ver concretizado seu grande sonho: conquistar o tri campeonato.A mais ardente vontade de um guerreiro é morrer em combate, e Gilberto Cardoso morreu na emoção de uma grande vitória do Flamengo no basquetebol, conquistada no ultimo segundo da peleja contra o Sírio, pela diferença minina. O time do técnico Kanela venceu, mas foi uma vitória que custou caro ao Flamengo. Custou a vida do seu grande comandante. Foi uma vitória amarga. Será difícil encontrar outro presidente que morra pelo Flamengo. A noticia da morte de Gilberto Cardoso cobriu de luto não só o Flamengo, como também o desporto nacional. A verdade que jamais houve um presidente que se dedicasse de corpo e alma ao clube, esquecendo a sua profissão e sua família. Por este motivo, quando levado da sede do clube para sua ultima morada, o Conselho Deliberativo decidiu outorga-lhe com o maior reconhecimento de seu trabalho incansável pelo rubro negro, esforço que lhe custou a própria vida. Gilberto Cardoso recebeu o título de Grande Benemérito.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Fio Maravilha

Fio Maravilha

Levado por seu irmão Germano (ex-ponta-esquerda do Flamengo, AC Milan e SE Palmeiras) ao Flamengo, João Batista começou a carreira no clube da Gávea, aos 15 anos. O jogador não era um craque, tinha um futebol "folclórico" e "desengonçado", mas era muito querido pela torcida flamenguista. Ganhou o apelido de "Fio Maravilha", após marcar o gol da vitória (3 a 2) de uma ]]partida da equipe carioca contra o Benfica, de Portugal. Acabou homenageado até pelo cantor Jorge Ben com uma canção (veja abaixo).
No início dos anos 80, Fio mudou-se para os Estados Unidos, onde foi atuar no "New York Eagles". Defendeu a equipe durante uma temporada (quatro meses) e depois recebeu um convite para defender um time semiprofissional de Los Angeles, o Monte Belo Panthers. Foi naquela época que Fio conheceu San Francisco. Gostou tanto da cidade que resolveu ficar por lá, mesmo que tivesse que abandonar a carreira. Foi o que fez, tornando-se entregador de
pizzas.
Pelo Flamengo, João Batista marcou 44 gols em 167 partidas. Seu último clube foi o San Francisco Mercury.

Homenagem de Jorge Ben

Fio Maravilha é também o nome de uma canção do compositor brasileiro Jorge Ben. A canção foi lançada no álbum Ben, de 1972, e se tornou um grande sucesso. Seu refrão "Fio Maravilha, nós gostamos de você" era cantado pela torcida flamenguista nas partidas no estádio do Maracanã. Mas anos depois, o compositor teve de mudar a letra para "Filho Maravilha", depois de uma briga na Justiça sobre direitos autorais.

quinta-feira, 29 de março de 2007

A bandeira do Flamengo

Vamos saudar nosso Pavilhão, a bandeira do Clube de Regatas do Flamengo!


Para conhecer a história do Flamengo, clique no link
http://flamengoeternamente.blogspot.com/2007/09/flamengo-ano-ano.html

quarta-feira, 28 de março de 2007

Roberto Dinamite tem como maior lembrança uma final que perdeu para o Flamengo...

A maior glória para Roberto Bombinha foi uma final contra o Flamengo que eles, para variar, perderam. Bem típico do Vice da Gama

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Vasco e Flamengo, no Maracanã, era um jogo diferente. Movimentava não só os jogadores, como os torcedores e a imprensa de um modo geral. Não apenas na véspera, mas vivíamos durante toda a semana que precedia o jogo, intensamente, cheios de esperanças.

Lembro de um jogo especial, talvez o Vasco x Flamengo mais importante: 1981. Era uma melhor de três. Nós vencemos o primeiro jogo de 2 x 0, eu fiz os dois gols. A segunda partida (se empatássemos o Flamengo seria campeão) vencemos com um gol marcado por mim aos 45 minutos do segundo tempo, de uma bola cruzada na área! Que emoção! Foi a glória para os vascaínos. E um desastre para os rubro-negros. Nós acabamos perdendo o terceiro jogo, em que um tal ladrilheiro entrou em campo saído do túnel do Flamengo. Mas tudo bem. Apesar do Flamengo ter sido o campeão... eu fiquei muito feliz porque sabia que havia triunfado.

Costumo dizer que o que eu sentia quando estava na boca no túnel do Maracanã, 180 mil pagantes lotando o estádio, parece com a sensação que se tem ao entrar na Marquês de Sapucaí, num dia de Carnaval, para desfilar por uma escola de samba, no Rio de Janeiro... acelera a batida do coração. E a adrenalina foi sempre a mesma. Não existia essa coisa de já estar acostumado com o peso da rivalidade depois de cinco ou dez anos de experiência. Nos meus 21 anos de carreira, 20 atuando com a camisa do Vasco da Gama, sempre vivi um Vasco x Flamengo com gosto de surpresa.

A rivalidade era enorme. Os jogadores adversários pouco se falavam em campo, mas havia respeito. Eu nunca falei do Zico ou ele de mim para gerar notícia.

O clássico é tão forte que o importante é ter, no gramado, o que não é programado mas esperado: um grande jogo, um grande público e muita emoção nos noventa minutos. Essa minha lembrança faz parte da história!

Mesmo não atingindo mais a marca de 180 mil pessoas, porém dentro da realidade dos números atuais, pretendo viver, como torcedor, muitos outros clássicos entre Vasco x Flamengo. Espero que haja sempre um público em paz. A favor do esporte!
Roberto Dinamite

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terça-feira, 27 de março de 2007

O ladrilheiro

De todos os invasores de campo da existência do Maracanã, o mais comentado até hoje é o ladrilheiro Roberto Passos Pereira, torcedor da Geral que interrompeu a final Flamengo x Vasco de 1981, com o intuito de esfriar a reação cruzmaltina. O Vasco havia vencido as duas partidas anteriores, mas, como entrara na decisão com larga desvantagem, precisava de outro bom resultado no terceiro jogo. O Fla, no entanto, começou na frente, fazendo 2 a 0. O Vasco diminuiu aos 38 do segundo tempo e esquentou o jogo. Aí, entrou em cena o ladrilheiro, que virou herói para os flamenguistas. Para os vascaínos, ele é não apenas um sabotador, mas também peça de uma engenhosa armação.

 
Essa é mais um dos motivos de choro da mulambada, mais do que acostumados a levar trolha do Flamengo.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Flamengo Sempre

Não será a derrota,
nem a tristeza,
nem a desilusão
nem a incerteza,
nem a solidão
Nada me impedirá de sorrir.
Pois a alegria estará
sempre estampada
na face deste verdadeiro
Rubro-Negro.

Saudações Rubro-Negras
Flamengo Eternamente

domingo, 25 de março de 2007

Os húngaros dançaram

Finalmente, assim como se experimentava o fruto proibido, o torcedor carioca assistiu a estréia do Honved no Brasil. O maracanã lotou para assistir os mágicos húngaros, inclusive, o Presidente Jucelino Kubitschek, o Prefeito Negrão de Lima, o Ministro Luiz Galloti e Don Helder Câmara.

Foi um jogo sensacional. O torcedor que foi ver o Honved, acabou se deslumbrando com os garotos do Flamengo. Os húngaros vindos de uma estação sem bola na Riviera italiana e estranhando o gramado fôfo do maracanã, não impressionaram. Vez por outra, apareciam com jogadas mostrando o talento de seu grande futebol. O jogo do Flamengo, ágil e desconcertante, desbaratou por completo o sistema de atuar dos visitantes. A leveza do ataque rubro negro, com fintas rápidas e passes imediatos, também não fez bem a defesa magiar que não estava no nível do seu poderoso ataque.

Movimentação do placar.
Flamengo 1x0 – Moacir
Flamengo 2x0 – Henrique
Flamengo 3x0 – Evaristo
Flamengo 3x1 – Szusza – no primeiro tempo
Flamengo 4x1 – Paulinho
Flamengo 5x1 – Dida
Flamengo 5x2 – Budai
Flamengo 6x2 – Evaristo
Flamengo 6x3 – Puskas
Flamengo 6x4 – Puskas

O juiz foi o brasileiro Mário Vianna. Os times jogaram assim.
Flamengo: Ari. Tomires e Pavão. Milton. Luis Roberto e Edson. Paulinho. Moacir (Duca). Henrique (Dida). Evaristo e Bábá.
Honved: Grosic. Rackoszye Baniay. Boszik. Kotasz (Farago) e Lanthos. Budai. Kocsis. Suuzza. Puskas e Czibor ( Sandor).

sábado, 24 de março de 2007

Ronaldo sobre o Flamengo

"Eu sempre fui profissional,mas não aceitaria jogar pelo Vasco. Não tenho
nada contra o clube, sou até amigo do Eurico, mas não jogaria. Sou muito
Flamengo"

Ronaldo , o Fenômeno

sexta-feira, 23 de março de 2007

O início do Fla Flu


Ah, O Primeiro Clássico

Eu estou imaginando o campo, as duas torcidas e os times. Mas para visualizar a partida temos de inseri-la no velho Rio, o Rio machadiano, o Rio que era uma abundante paisagem de gordas.

Na "belle époque", as mulheres iam para o futebol como se fossem para uma recepção no Itamarati. E elas demaiavam, vejam vocês, ainda tinham ataques. De vezem quando, faço a mim mesmo esta pergunta:- "Há quanto tempo não vejo uma mulher com ataque? "Elas matam e se matam, elas se atiram do sétimo andar, elas devoram um tubo de comprimidos. Mas não têm ataques, nem desmaiam. Ah, naquele tempo era lindo "ser histérica". E no futebol, quando entrava um gol, as mulheres desfaleciam, pareciam morrer em estertores. Os homens achavam sublime.

O primeiro Fla-Flu não era Fla-Flu. Só muito mais tarde é que Mário Filho inventou e promoveu a abreviação. O Flamengo fez tudo, tudo para ganhar este primeiro jogo. Outro dia, conversei com um velho torcedor, mais velho que o século. E ele, falando fino e baixinho (como uma criança que baixa num tenda espírita), contou o que foi o nascimento do maior clássico do futebol brasileiro. O Flamengo era o time campeão do Fluminense, sem Oswaldo Gomes.

Parece que na partida o futebol era um detalhe irrelevante ou mesmo nulo. Os dois times davam a sensação de que jogavam de navalha na liga. E, no entanto, houve um cínico e deslavado milagre: - ninguém saiu de maca, ninguém saiu de rabecão. Mas nunca se vira, em campo de futebol, ferocidade tamanha. E o Fluminense venceu.

Vejam como, histórica e psicologicamente, esse primeiro resultado seria decisivo. Se o FIamengo tivesse ganho, a rivalidade morreria, ali, de estalo. Mas a vitória tricolor gravou-se na carne e na alma flamengas.

E sempre que os dois se encontram, é como se o fizessem pela primeira vez.

Nélson Rodrigues
 

quinta-feira, 22 de março de 2007

O Flamengo está no Mundo inteiro


Essa é daquelas de arrepiar. Quando falamos que tem Flamengo no mundo todo, não é para duvidar. Essa foto é dos marinheiros brasileiros que estão na Antártica e comemoram a vitória sobre o Madureira.

Isso é Flamengo!
Serás imortal e renascerás a cada Primavera!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Heróis da Nossa História - Leandro

LEANDRO

A única vez em que um rubro-negro ousou comparar alguém com o lendário
Domingos da Guia foi quando Leandro trocou a função de brilhante
lateral-direito pela de excepcional zagueiro de área. José Leandro
Souza Ferreira (17/3/59) foi um dos jogadores de maior domínio de bola
da história do futebol brasileiro. Era impressionante a forma como ele
a conduzia, trocando de um pé para o outro, sempre com domínio
absoluto de jogada, equilíbrio total do lance. Era um artista, um
estilista. Inteligente, técnico, habilidoso, defendia e atacava com a
mesma eficiência. Quando as pernas arqueadas começaram a minar-lhe os
joelhos e tirar parte de sua condição física, foi mostrar seu talento
no meio da área, quase como um líbero. Era bonito vê-lo dominando a
bola como se ela fosse extensão de seu corpo e sair jogando com
naturalidade. Em 86, não queria mais ser lateral. Telê insistia em que
fosse. Quando o técnico cortou Renato, em vingança por uma fuga de
concentração que ele não assumira, ao contrário de Leandro, este,
solidário ao amigo, simplesmente abriu mão da Copa, no dia do embarque
para o México. Não seria o zagueiro que desejava e nem o lateral com
que o técnico ainda sonhava. E nunca Telê lamentou tanto a ausência de
um jogador quando a de Leandro, que ele sempre apontou como o maior
lateral-direito da história do futebol brasileiro.

terça-feira, 20 de março de 2007

Músicas sobre o Flamengo

Músicas que falam do nosso eterno Flamengo. Se tiver mais alguma, nos envie.
 
Alexandre Pires - Ser Flamengo

É isso aí, rapaziada
Clube de Regatas Flamengo
Tô chegando bem!
Ah! Como eu te amo
Eu me orgulho de ser Flamengo
E no mundo inteiro fazer parte dessa massa
Ser Flamengo
É o amor no coração
Torcer com emoção
Por um time de raça
Cheia de glórias
A sua história
Seja na terra ou no mar
É tão bonito
Tantas vitórias
Na trajetória de uma paixão
Que nos leva ao infinito
É urubu, é, é, de arrasar
Quem vai querer levar olé pode chegar
É urubu, é de arrasar
Quem vai querer levar olé pode chegar
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
O meu maior prazer, juro, foi de nascer e ser Flamengo até morrer
Vamos embora
Oh, oh, oh, oh, oh
Manto sagrado que veste o meu coração
Oh, oh, oh, oh, oh
A minha vida é eu vibrar com o meu mengão, uh, uh, uh
Alô, nação rubro-negra
Aquele abraço
Ó, meu mengão
Eu gosto de você
Eu quero cantar ao mundo inteiro
A alegria de ser rubro-negro
Domingo, eu vou ai Maracanã
Vou torcer pro time que sou fã
Vou levar foguetes e bandeiras
Não vai ser de brincadeira
Ele vai ser campeão
Tum
Essa nação é minha alegria
E não tem jeito
Alô, diretoria
Exigimos respeito
Demorou
Alô, Estação Primeira
Alô, Gaba, aquele abraço, nego velho

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Mc Marcinho - Flamengo

Domingo, eu vou ao maracanã
Vou torcer pro time que sou fã, vou levar foguetes e bandeiras
Não vai ser de brincadeira, ele vai ser campeão
Eu não, eu não quero cadeira numerada
Vou ficar na arquibancada para sentir mais emoção

Porque meu time, bota pra ferver
E o nome dele são vocês que vão dizer
Ôôôôôôôôôôô flamengo
Ôôôôôôôôôôô flamengo

Bate na palma da mão, bate na palma da mão
Bate na palma da mão, a torcida do mengão
Bate na palma na palma da mão, bate na palma da mão
Bate na palma na palma da mão, a torcida do mengão

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Fundo de Quintal - Sou Flamengo, Cacique e Mangueira

Deixa falar quem quiser
Moro na linha do trem
Sou flamengo também
Trago samba no pé
Sou eu que enfeito a avenida
Carrego a massa e fico prosa
Durante o dia de vermelho Verde, branco e
Noite de verde e rosa
Isso é que é viver
É o meu prazer
É ver o meu mengo campeão
O cacique e a mangueira na avenida
E chamando a multidão mais uma vez
Uma vez flamengo, sempre flamengo
Flamengo sempre eu ei de ser
Sou cacique, sou mangueira
E flamengo até morrer

segunda-feira, 19 de março de 2007

O que é torcer?

O que é torcer? Como explicar em palavras o que a princípio parece pura abstração e irracionalidade? Esse é o mistério do futebol, intrigante e insolúvel até hoje: o mistério de torcer.

O que significa torcer, quais são as práticas de um torcedor, seja da organizada ou não? Quais são os rituais que ele faz para acompanhar o time, pra dar sorte naquele jogo, tem alguma camisa da sorte? Aqui em casa antes de todo jogo do flamengo é de praxe o samba:

"Flamengo, os meus olhos tão brilhando

Meu coração palpitando de tanta felicidade

Tens na torcida uma força sem igual

Meu Glorioso Flamengo cada jogo uma vitória cada vitória um carnaval

Preto velho já dizia:

Meninada: Existe um time que sacode arquibancada

Sua história sua glória, o seu nome é tradição

A minha maior alegria é ver o Mengo campeão

Sou do Bumba não faz mal

Sou do clube mais querido

Aquele que faz vibrar

Time consagrado pelo povo, e a charanga a tocar

Bola na rede

Lá na Gávea é assim

Na vitória ou na derrota

Sou Flamengo até o fim

Sou Flamengo sim, pra toda vida

Zum zum zum

Zum zum zum

A torcida quer mais um"


No dicionário- (http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx)- torcer está definido assim:
do b. Lat. torcere por torquere
v. tr.,
obrigar algo a girar sobre si mesmo;
entortar;
enroscar, encaracolar;
deslocar;
desviar do sentido natural;
sujeitar;
constranger;
forçar a;
fazer ceder;
fig.,
desvirtuar;
interpretar injusta ou falsamente;
perverter;
corromper;
mudar de rumo ou de tensão;
Brasil,
simpatizar com um clube desportivo;
v. int.,
sujeitar-se, anuir contrafeito;
dar volta;
v. refl.,
dobrar-se;
mudar de rumo ou de tenção;
contorcer-se, contrair-se por desespero ou pelas dores;
ceder contra vontade.
- por (alguém)ou - por (algo): ser adepto; simpatizar; incentivar;
- para que: ansiar, esperar ou fazer votos para que alguma coisa corra de determinada forma.
Bom, claro que o significado imediato do verbete não esclarece o significado simbólico. Além da imprensa, muita gente de outras áreas de conhecimento tem se dedicado nessa busca, de entender a torcida, o torcer, e toda a complexidade que o futebol encerra.
Agora, eu me lembro aqui de dois livros interessantes pra quem quiser ampliar um pouco as informações e a discussão sobre torcida:
"Dos espetáculos de massa às torcidas organizadas, Paixão, rito e magia no futebol", da Tarcyane Cajueiro Santos.
"Torcer, lutar, ao inimigo massacrar: Raça Rubro-Negra", do Rodrigo de Araújo Monteiro.
Bom, pra finalizar por hora, não posso também deixar de citar Carlos Drummond de Andrade, em trecho retirado do "Sermão da planície":
"...Pois para o inferno vá a razão, quando o futebol invade o coração!"
SRN
Priscilla

sábado, 17 de março de 2007

Copa Mercosul - 99

COPA MERCOSUL 1999


O ano de 99 não poderia acabar da melhor forma com o Flamengo conquistando a milionária Copa Mercosul, competição que reúne as melhores equipes do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A grande final com o forte Palmeiras, era a oportunidade que todos flamenguistas queriam para vingar a eliminação da Copa do Brasil 99, quando o Flamengo empatava com o Palmeiras em 2 x 2, resultado que nos interessava já que tínhamos vencido no Rio por 2 x 1, mas nos últimos 4 minutos a equipe paulista fez 4 x 2 frustrando a torcida rubro-negra de continuar lutando pelo segundo título da Copa do Brasil. Mas, nada melhor que uma revanche em uma final de campeonato. Com uma equipe jovem e muito mais unida após a saída de Romário, o Mengão foi com tudo pra cima do Verdão. Jogadores como Athirson, Caio, Rodrigo Mendes, Lê e Reinaldo liderados pelo determinado Leandro Ávila, demonstraram toda raça, garra e força de vontade que sempre caracterizaram o Fla.

Foram dois jogos emocionantes. O primeiro no Rio, 4 x 3 para o Flamengo, gols de Juan, Caio(2) e Reinaldo. No segundo jogo em São Paulo, o Flamengo precisava do empate para garantir o título, mas foi a equipe paulista que saiu na frente com Arce.Na etapa final, Caio empatava em apenas um minuto de jogo, logo depois em um golaço de fora da área Rodrigo Mendes virava pro Mengão, mas a alegria durou pouco, em cobrança de falta o Palmeiras empatava novamente, e num vacilo da zaga rubro-negra Paulo Nunes deixava o time paulista mais uma vez na frente do placar. Até que aos 37 minutos, Reinaldo dá um passe magistral de letra para Lê definir o placar em 3 x 3. O Mengão ganhava seu primeiro título internacional após 18 anos da conquista do Mundial Interclubes.


JOGOS FINAIS:
Maracanã/RJ
FLAMENGO 4 X 3 PALMEIRAS
Gols: Juan, Caio(2) e Reinaldo
Parque Antártica/SP
FLAMENGO 3 X 3 PALMEIRAS
Gols: Rodrigo Mendes, Caio e Lê
FLAMENGO CAMPEÃO DA MERCOSUL 1999

sexta-feira, 16 de março de 2007

Heróis da Nossa História - Domingos da Guia

Domingos da Guia

Domingos da Guia, considerado o melhor zagueiro brasileiro de todos os tempos, estreou na Seleção Brasileira aos 18 anos. No início de sua carreira, jogou no Nacional, do Uruguai, e no Boca Juniors, da Argentina. Só em 1937, o grande zagueiro veio para o Flamengo onde viveu os melhores momentos de sua carreira, atuando do lado de grandes jogadores como Leônidas da Silva. Em 38, na Copa da França, foi um dos responsáveis pela conquista do terceiro lugar, melhor colocação brasileira em copas até aquele momento. Domingos da Guia saiu do Flamengo em 44, vendido para o Corinthians.
 

quinta-feira, 15 de março de 2007

Xinxim, Acarajé e Bola na Rede

Xinxim, Acarajé e Bola na Rede
 
Faz vinte anos. O time do Fluminense foi recebido no vestiário do Maracanã com uma faixa: Obrigado, tricampeões. E feliz 1986, ano do tetra! No outro vestiário, o do Flamengo, Zico e Sócrates se preparavam para subir juntos pela primeira e última vez ao gramado do Maracanã vestindo o Manto Sagrado. Era o Fla-Flu de abertura do campeonato estadual.
 
Dez anos antes Zico havia feito quatro gols em um Fla-Flu. Mas no dia 16 de fevereiro de 1986 entrou em campo para ouvir a torcida do Fluminense gritar: - Bichado! Bichado! Bichado! O joelho esquerdo não era mais o mesmo, e aquele jogo era o grande teste desde a agressão covarde de Márcio Nunes. Dez minutos de jogo, Adílio vai ao fundo pela esquerda e cruza para à meia-altura. Zico voa entre a zaga tricolor e mete a cabeça. Paulo Vitor vai buscar no fundo da rede e ouve a torcida do Flamengo gritar para Zico, irônica: - Bichado! Bichado! Bichado!
 
Faz vinte anos e recém tínhamos perdido Jorge Curi. Era o primeiro Fla-Flu desde muito tempo que não ecoaria no Maracanã o bordão teeeeeempo e placaaaarr no maaaiooorrr do muuuuundoooo!!! No meu rádio, saiu Jorge Curi e entrou Doalcei Camargo. O Fluminense empatou com Leomir, mas aos vinte e sete minutos do segundo tempo houve uma falta na entrada da área. No primeiro tempo, Zico havia mandado uma na trave. Rezei para Jorge Curi e ouvi Doalcei Camargo: - Lá vem Zico, disparooooooouuu... É gooolll!!!!
 
A bola em curva pegou Paulo Vitor no contrapé e entrou no ângulo esquerdo. A maior torcida do mundo explodiu no maior estádio do mundo, cantando o samba da Mangueira: - Tem xinxim e acarajé, tamborim e samba no pé... E lá embaixo, bola no pé, de pé em pé, até Bebeto acertar uma bomba e fazer o terceiro, aos trinta minutos. Mas era um Fla-Flu de Zico, sabiam disso aquelas oitenta e quatro mil pessoas no Maracanã, assim como sabiam disso eu, ao pé do rádio, e Jorge Curi, no céu. Aos trinta e quatro, pênalti para o Flamengo. Zicão na rede, quatro a um, e uma agradecida massa flamenga cantou durante dez minutos, sem trégua: - Recordar é viver, Zico acabou com vocês!
 
Faz vinte anos. Enquanto o lado rubro-negro cantava, os tricolores abandonavam o estádio cabisbaixos e o roupeiro Ximbica descia a escada dos
vestiários para tirar a faixa dos tricampeões que estavam sendo triturados pelo Flamengo de Cantarele, Jorginho, Leandro, Mozer, Adalberto, Andrade, Adílio, Sócrates, Bebeto, Chiquinho, Zico e Jorge Curi. Ali estavam os futuros campeões estadual de 1986. Ao final do jogo, entrevistado por Kleber Leite, Zico dedicou os gols e a vitória à Jorge Curi. Mais tarde, foi eleito Artilheiro do Fantástico. Eu dormi e sonhei com Jorge Curi gritando entre anjos: - Ziiiiiiiicooooooooo... Zicãaaaoooo, Zicaçooooooo!!!! Camiiiiisa número dez...
 
Maurício Neves (?)
 

quarta-feira, 14 de março de 2007

Deus é Rubro Negro

Como não podemos ser os maiores do Brasil, se até o Cristo é Flamengo???
Viva o Manto Sagrado do Flamengo :-)





terça-feira, 13 de março de 2007

Um Fla X Flu visto por um Tricolor

Muito bom. Mostra o medo e o ódio que o Flamengo causa.

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Foi dose. Nós fomos até lá. Estávamos lá dentro, naquele calor infernal. Ontem o meu filho Daniel começou a descobrir que existem duas coisas nesse mundo. Uma, é o futebol. A outra, é o Fla-Flu. Descobriu que esse adversário odiado é mais do que um simples time de futebol. É um time de futebol seguido por uma horda de loucos fanáticos, que se agrupam e fazem gol. Entram em campo e fazem gol. Fazem o segundo, o do empate e o da virada.

Numa única tacada ele descobriu o medo e o respeito que se deve ter dessa instituição e desse jogo, clássico de apelido garboso, colorido interminável e lotado de almas fanáticas. É coisa para gente grande. É jogo para quem tem o coração tingido dessas cores. De grená, verde, preto, vermelho e do branco que acompanha esse arco-íris. O ar que se respira no estádio é diferente, a atmosfera é diferente. Tudo muda quando você chega na Praça da Bandeira ou cruza a Zona da Leopoldina em direção àquela maçaroca de concreto. Um aglomerado velho e obsoleto, sem conforto ou segurança. Mas que vicia. Nos deixa dependentes dele e de seus mistérios e dogmas. É. O Maracanã tem dogmas. E não são poucos. São sérios o suficiente para fazerem de seus jogos eternos eventos com ares de seita. Com rituais próprios, cânticos específicos, liturgia. E consagração. Lá a gente aprende desde cedo que o jogo só termina quando acaba (it is not over until it is over, dizia o astro do baseball, Yogi Berra). E eu andava meio esquecido disso. Logo na chegada, quando descíamos o Oduvaldo Cozzi a pé, com o calor escorchante se despregando do asfalto, eu senti a atmosfera oblíqua. Olhei pelo viaduto abaixo, me desviando de cambistas e flanelas, e enxerguei o capitão Belini erguendo a taça. Sempre cercado pelo burburinho da esperança. A meia hora do pontapé inicial, cada um nós se aproxima do portão com esperança saltando pelos poros. O menino de sete anos beijava o seu cordão sagrado, com a camisinha tricolor dependurada num barbante preto sebento. Olhávamos um tumulto nas bilheterias e a Raça Rubro Negra chegando pelo lado da Radial Oeste. Gente por todos cantos. O gesto dos punhos cerrados e cruzados ao alto e o prenúncio de arrastão. Esse é o grande contraste dessa minha vida de pequeno burguês. Pequeno burguês até na escolha do time de coração. Time que provoca engarrafamento no Rebouças, quando enche o Mario Filho, e fila nos restaurantes da Zona Sul depois dos seus jogos.

É só nesse dia de Fla-Flu que eu enxergo o contraste que existe entre as patricinhas sem sutiã da torcida tricolor e a tropa de marginais guerreiros da Raça Rubro Negra e da Torcida Jovem. Um abismo social. Do ambiente de clubinho direto para a vida-como-ela-é. Um pânico de mais de trinta anos. A língua incha dentro da boca e o medo me surrupia a nesga de esperança. A baixa-estima da elite quando se perde em meio ao nada. Ir a esse clássico é estar perdido no meio do nada. Subir a rampa nos Fla-Flus é sempre um constrangimento. Um exercício de mau gosto. Mudar de lado por ser menos numeroso. Por ter sido invadido em priscas eras, quando tomaram nosso lugar à força e nos mandaram para o lado direito das cabines de rádio. Explicar para um menino o porquê de naquele dia - só naquele dia, em mais nenhum outro - ter que virar para a esquerda, no sentido horário, é sempre uma pequena revolta. Ter que ver o jogo sentando naquelas faixas de concreto que abrigam bundas vascaínas é falta de higiene. Um desgosto que me acompanha desde criança, quando fui rampa acima ver o meu primeiro Fla-Flu, em 1977 (1x1).

Ontem, os deuses desse jogo se alojaram naquelas arquibancadas desde cedo. Pintaram e bordaram com as duas nações. Com 19 minutos do segundo tempo eu estava trepado na divisória entre as cadeiras amarelas e as brancas (o módulo central, que mistura as duas torcidas), fazendo o sinal de acabou com os braços, chamando um cara do outro lado de corno e entoando o famoso "ela, ela, ela, silêncio na favela". Era o terceiro gol do gigante Rodolfo. Doze minutos depois, a favela vinha abaixo com seus gritos de guerra. E eu descia a rampa em ritmo acelerado, com um nó na garganta, cumprimentava o grande Belini e entrava no primeiro táxi que vi pela frente. O menino pedia para ficar. Se lembrava de um jogo com o Santos em que saímos 1 minuto antes e o time cavou um empate fantasma aos 48 do segundo tempo. Eu olhava fixo para a Avenida Maracanã de dentro daquele Santana velho. O taxista insistia em dizer que achava o estádio muito perigoso e que não gostava de futebol. Mas pedia detalhes do jogo e mantinha diálogo com a frustração escancarada do meu pequeno Daniel. Eu nunca tive medo dessa trupe. Nunca mesmo. Mas que é diferente, é. Os outros sempre foram fregueses. Sempre foram engolidos. Mas esses não. Peguei os piores momentos da história desse jogo, quando tínhamos que ir a campo ver Artur Antunes, Leovegildo, Leandro, Tita & Cia. Chegamos a enfrentar isso aí com times absolutamente medíocres, de zezés, galaxes e robertinhos. E eu nunca tive medo. Mas sempre existiu uma coisa que me deixa perambulando entre o mistério e o pânico. Aliás, não é "coisa" coisa nenhuma. É metafísica. É o Sobrenatural de que tratava Nélson. É perturbante. É aquela massa uniforme pulando do outro lado. 23 minutos, 1x3, e eles não paravam de pular; ninguém saía do seu aperto; ninguém ia embora. Eles nunca vão embora. Eles nunca arredam o pé. Eles não se sentam, não param de gritar. Eles não sossegam. Me perseguem, me sufocam, me habitam os pesadelos e me causam pânico. Quando eu olho para o outro lado é isso que eu sinto. Eles acreditam mais do que os outros. Mais do que eu e todos os outros juntos. E disso, meus caros, eu me borro de medo. Eles jogam com 12. E jogar com 12 deveria ser proibido. Deixar Felipe andando de um lado para o outro, desfilando o seu repertório de categoria e classe, foi uma imprudência. E o jogo foi um jogo para a história. Dentro do táxi, uma frase de uma criança de sete anos ficou estalada no meu tímpano: "papai, eu tenho nojo deles". Eu também tenho. É só o que posso dizer hoje. Mas se não fossem eles essa mágica não existiria.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Confissões de um Flamenguista

Esse texto foi escrito durante um período pior da nossa história. Hoje a situação é bem melhor, mas o texto é muito válido pela emoção que transmite. Um pouco da emoção de ser Flamengo.

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CONFISSÕES DE UM FLAMENGUISTA ENVERGONHADO

O escritor Nelson Rodrigues dizia maldosamente que a pior forma de solidão é a companhia de um paulista. Eu poderia acrescentar que uma outra forma de solidão é ser paulista e torcer por um time carioca. O fato de ser torcedor do Flamengo e ser um paulista genuíno (ao longo dos meus 35 anos, não fui mais do que meia dúzia de vezes ao Rio de Janeiro!) já me gerou diversos constrangimentos. Nas conversas de bar, quando o assunto chega no futebol e as pessoas perguntam qual é meu time do coração, tenho sempre que fazer um pequeno esboço biográfico para justificar minha paixão pelo rubro-negro: digo que comecei a gostar de futebol na mesma época em que Zico surgia como grande revelação da era pós-Pelé, que eu raramente ia a estádios e que via futebol pela TV (de modo que pouco importava se meu time jogava em São Paulo, Rio, Porto Alegre ou Macapá), que a escolha de um time não pode se guiar por preconceitos chauvinistas etc. etc. De nada adianta. Torcer pelo Flamengo em São Paulo é mais ou menos como ser brasileiro e torcer pela Argentina. Uma aberração genética, um desvio de caráter, uma heresia agravada pela rivalidade entre Rio e São Paulo.

Durante a adolescência, a história me perdoou: o Flamengo de Zico e Júnior foi o grande time dos anos 80, tricampeão brasileiro, campeão da Libertadores, campeão mundial. De uns tempo para cá, porém, o Flamengo só dá vexame e tive que adotar uma explicação mais poética, aproveitando o fato de ser um jornalista que trabalha há muitos anos com literatura. Aqui vai minha apologia metafísica do flamenguismo: além de ser uma instituição supranacional (o time tem a maior torcida do Brasil e, portanto, do mundo), o Flamengo é também uma entidade supratemporal e trans-histórica. A prova disso é que um dos maiores escritores de todos os tempos, o francês Stendhal, foi um flamenguista avant la lettre. Ou alguém duvida que o romance O Vermelho e o Negro, de 1830, é uma elegia premonitória às glórias rubro-negras? Mais do que isso, pode-se afirmar que Zico foi o Julien Sorel do futebol. No rastro deixado por Sorel (o jovem herói de O Vermelho e o Negro, que sai da província para conquistar a sociedade parisiense munido apenas da força do talento e do gênio individual), Zico foi o plebeu subnutrido que saiu de Quintino para galgar os pedestais do futebol mundial.

Tudo bem, tudo bem, Zico não é muito diferente dos outros craques de origem humilde que conquistaram fama e fortuna. Mas havia nele um elemento trágico de raiz genuinamente literária - e rubro-negra. Quando Zico perdeu o pênalti contra a França, na Copa de 86, estava cumprindo o destino de todo herói romanesco: no auge da glória, pôs tudo a perder, ofereceu-se em sacrifício para ensinamento dos homens, punindo a soberba do "país do futebol". Ao bater aquele fatídico pênalti, Zico estava inconscientemente emulando Julien Sorel, que cometeu um crime gratuito que o levaria dos salões aristocráticos para o cadafalso.

Estas aproximações literárias têm bons predecessores. O próprio Nelson Rodrigues, numa crônica lapidar, justificou a rivalidade do Fla-Flu pelo fato de que a primeira equipe de futebol do Clube de Regatas Flamengo foi uma dissidência do Fluminense, gerando um ódio fratricida e fazendo com que Flamengo e Fluminense fossem - na frase genial de Nelson - "os irmãos Karamázovi do futebol". No âmbito propriamente ficcional, o escritor António de Alcântara Machado deixou-nos contos epifânicos, como "Corinthians (2) v. Palestra (1)" e "Gaetaninho". João Antônio e Renato Pompeu também foram mestres na arte de captar a alma dos estádios, as utopias sociais brasileiras, encarnadas nas aspirações dos jogadores de várzea que sonham "sair de sua vida cinzenta para o mundo ensolarado dos craques" - conforme expressão do jornalista Marcos Faerman num belo ensaio que tive o prazer de publicar na revista literária da qual sou editor (CULT n. 11, junho/98, número dedicado ao futebol). Aliás, quem quiser ter uma boa idéia da prolífica prosa futebolística na literatura brasileira deve ler Onze em campo e um banco de primeira (Editora Relume-Dumará, organização de Flávio Moreira da Costa), com contos dos autores citados e de João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Sérgio Sant'Anna, Ricardo Ramos (filho de Graciliano) e Edilberto Coutinho, entre outros.

Os paralelos entre futebol e literatura, contudo, não se esgotam nesse plano temático em que os escritores criam histórias envolvendo jogadores, torcedores e cartolas. Há algo de mais abstrato e ao mesmo tempo profundo entre essas duas paixões, nesse encontro entre a letra e a bola. Tanto nos gramados quanto nos livros temos um universo encerrado em si mesmo, um mundo que se comunica com nosso cotidiano de maneira indireta: no estádio e num bom romance estão em jogo todas as paixões humanas (desejo, medo, inveja, ambição, ética, leis etc.), porém elas adquirem aqui forma e finalidade. Dentro de sua limitação de espaço e tempo, uma partida de futebol e um relato literário encerram o percurso de uma vida. No apito final e no último capítulo temos uma revelação, que pode ser tão monstruosa como uma derrota para o Vasco ou o suicídio de Ana Karênina, e tão jubilosa quanto golear o Vasco ou o idílio pastoral das comédias de Shakespeare.

Em outras palavras, a literatura corrige a realidade naquilo que esta tem de precário. Em literatura, até mesmo a injustiça e o triunfo do Mal tornam-se compreensíveis, o caos e a destruição são assimilados a uma ordem superior: a ordem das palavras. Foi nisso que o escritor Albert Camus estava pensando ao afirmar que os grandes artistas criam "universos de substituição", relatos e imagens que condensam a condição humana, conferindo permanência ao que é mortal, justapondo aos fragmentos de nossa vivência uma harmonia de prazeres e dores, tragédias e apoteoses. Estas mesmas tragédias e apoteoses fazem a vida de quem ama o futebol. A vibração com a conquista de um título não tem função meramente catártica, assim como o choro por causa do rebaixamento de nosso time para a segunda divisão guarda um resíduo de racionalidade por trás da emoção. Podemos não saber objetivamente qual é a causa da vitória ou da derrota, mas sabemos que essa causa existe, seja ela o espírito de equipe, o talento individual do craque, o erro do juiz, as falcatruas dos cartolas ou mesmo os caprichos de uma bola na trave. É essa causalidade perfeita que falta à vida - e por isso o futebol e a arte são tão superiores à vida.

Ao citar Camus, não consigo evitar o tom pessoal e lembrar que li pela primeira vez O Estrangeiro na mesma época em que organizava infindáveis campeonatos de futebol de botão, com tabelas cuja complexidade faria corar os cartolas da CBF. Qual a relação entre os dois fatos? É simples: sem nenhum talento para a ficção, agarrei-me às obras de Camus como se eu mesmo tivesse escrito aqueles relatos (O Estrangeiro, A Peste, A Queda) que expressavam de forma tão brilhante o divórcio do homem e seu cenário, o sentimento do absurdo diante da solidão, da mortalidade e da opacidade do mundo; e, como autêntico perna de pau no futebol, criei nos campeonatos de botão o meu próprio "universo de substituição", corrigindo minha inabilidade natural com a bola através de partidas emocionantes em que era sempre eu quem jogava pelos dois times (temia que algum amigo viesse quebrar a harmonia mágica dos jogos com regras e resultados diferentes daqueles que eu manipulava).

Depois de alguns anos lendo ininterruptamente as obras de Camus, descobri com assombro que ele fora goleiro do RUA (Racing Universitaire d'Alger, time amador de sua Argélia natal) e amava o futebol a ponto de escrever a seguinte frase: "Depois de muitos anos em que o mundo me ofereceu tantos espetáculos, o que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações dos homens, devo-o ao futebol."

Infelizmente, não posso dizer o mesmo sobre essa ética do futebol: nos meus campeonatos de botão, o Flamengo sempre se sagrava campeão...

:: Manuel da Costa Pinto
Jornalista, editor da revista CULT

sábado, 10 de março de 2007

Mais um poema

Não será a derrota,
nem a tristeza,
nem a desilusão
nem a incerteza,
nem a solidão
Nada me impedirá de sorrir.
Pois a alegria estará
sempre estampada
na face deste verdadeiro
Rubro-Negro.
 
*********************************
 
"FLAMENGO NÃO SE DISCUTE, FLAMENGO SE AMA!!!"

A alegria de ser rubro-negro

A alegria de ser rubro-negro
 
 
"Ser flamenguista é estado de espírito.
Pluralmente rubro-negro.
Alegria de uma dia de céu azul,
de uma noite de lua cheia, estrelada,
com a galera apaixonada
gritando GOOOOOOOL".
 
"Como é que um sujeito pode não ser Flamengo?"
Ziraldo (cartunista)
 
"Ser Flamengo é uma emoção diferente.
Quem é sabe, quem não é não entende"
Washigton Rodrigues (jornalista)
 
"Ser Flamengo já é, em si,
uma vitória"
Dias Gomes (escritor)
 
"Nenhuma emoção se compara a maior de todas:
viver o Flamengo o dia todo, todos os dias"
Gilberto Cardoso Filho (êx-presidente do Flamengo)

sexta-feira, 9 de março de 2007

O Flamengo é assim...

 

 

O Flamengo é assim,

espontâneo e perfeitamente identificável

com o melhor espírito brasileiro, que o carioca consagrou.

A garra nunca mudou de cor; é rubro-negra.

O sentimento de ser Flamengo,

que este clube de futebol desperta em milhões de brasileiros

 de todas as classes sociais,

credos políticos e religiosos, raças e idades,

talvez a psicologia ainda seja o único caminho a seguir,

se há, realmente,

 interesse em se saber porque

 o Flamengo é o Flamengo.

A psicologia observa que há uma relação muito estreita

entre o futebol e a religião.

O Flamengo, na verdade, não se explica,

clube de futebol ou religião,

o seu magnetismo é algo irresistível.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Quem espera sempre alcança.... Sou Mengo até morrer!!!

Quem espera sempre alcança


A estrofe do hino do Flu é uma bela homenagem aos rubro-negros de todo o
Brasil, mas especialmente aos que foram ao Maracanã na quarta-feira à noite.
Depois de três dias sendo vítimas das piadas do trio
botafoguense-vascaíno-tricolor, o flamenguista acordou de manhã, vestiu o
manto e avisou à cidade. "Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer". E não se
importou com a possibilidade da quarta derrota seguida para o Madureira.
Confiou em Souza, rezou por Obina e viu um time vibrante, mordido e querendo
mostrar para o Brasil que o buraco é mais embaixo.

Só que foi lá em cima que Souza subiu e começou a erigir a goleada. No
banco, o mineiro Ney Franco viu sua seriedade e serenidade serem premiadas.
Mesmo com o gol de empate relâmpago, continuou regendo o martelo
rubro-negro, que demoliu o muro suburbano, que teve Odvan numa noite
vacilante. Uma vitória imponente, da tradição, da camisa e da raça de um
grupo de jogadores que, parece, aos pouquinhos, perceber a mística do time e
da camisa listrada.

E o velho Maracanã, remendado para o Pan, sentiu de novo o peso dos pés do
povo. Pulando, vibrando, escancarando os dentes de alegria. Flamengo mais
uma vez campeão da misteriosamente charmosa e eterna Taça Guanabara.

Que a CIA não confunda as coisas e não mande um relatório confidencial para
Bush, dizendo para tomar muito cuidado com a visita ao Brasil, pois parece
que os sandinistas nicaragüenses voltaram com força total e inundaram de
bandeiras rubro-negras o mais belo estádio do mundo.

Era só o Flamengo. Sempre Flamengo.

Parabéns Flamengo

O Flamengo não é um clube.
É uma religião.
E atendi o dito popular ao pé da letra.
Das glórias, das alegrias e mesmo
das decepções do Flamengo,
no seu 109 anos quero homenagear a
torcida de um clube que é uma religião.
De fé e de esperança.
Flamengo, abra suas páginas e veja como você é imenso.
Fundado em 15 de novembro de 1895,
em 1912, o Clube de Regatas do Flamengo
tornou-se também clube de futebol.
E, desde então, cada vez mais se consagrou
como paixão popular.
A tal ponto e com tanta profundidade que,
honestamente, apenas, que ser Flamengo é...
UM ESTADO D'ALMA.!
O saudoso Jaime de Carvalho,
o pioneiro dos chefes-de-torcida
criou a frase
"AVANTE FLAMENGO"
Ontem como hoje o Flamengo foi a grande
expressão do sentimento brasileiro.
Sua torcida sempre acompanhou o clube com
a mesma devoção que dedica à Seleção Brasileira.
Nos dias atuais citar ou numerar
esta ou aquela eu particularmente
não me arriscaria, pois existem centenas
de facções distribuídas por este imenso
território denominado Brasil.
Para chegarmos a esta confirmação
basta tão somente verificarmos as estatísticas
dos jogos do Flamengo fora do
Estado do Rio de Janeiro.
Nos estádios onde o clube mais
querido estiver jogando,
as bandeiras rubro-negras unem-se ao longo
das arquibancadas, pois elas estão representando,
também, o amor de todos pela pátria,
dentro da verdade que nos mostra:
"O Flamengo ensina a amar o Brasil sobre todas as coisas".
Ao encontra-lo hoje como o clube
"mais querido",
muitos gostariam de saber qual o feitiço do Flamengo,
que motivos tornaram tão fácil a ação de amá-lo.
A força da torcida é tão grande
que a cidade fica irritante
quando o Flamengo ganha.(Henfil)
Felizmente existe milhões de Jaimes de Carvalho,
de todos os tipos e de todas as idades, estão espalhados pelo Brasil.


Parabéns Flamengo!

Os craques ficam bem de Rubro Negro - Beckenbauer com a Camisa do Flamengo

O jogador alemão Franz Beckenbauer, com a camisa do Flamengo no jogo de despedida do futebol de Carlos Alberto Torres. No estádio do Giants, em Nova York.
Data: 30/09/1982
Fotógrafo: Orlando Brito / ObritoNews
http://www.obritonews.com.br/categoria/mostrafoto.php?cod_foto=879

Relmente os craques ficam bem com o Manto Sagrado Rubro Negro, a camisa do Flamengo.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Dá lhe, Dá lhe, Mengo

Dá lhe, Dá lhe,
Dá lhe, Mengo
 
Dá lhe, Dá lhe,
Dá lhe, Mengo
 
Dá lhe, Dá lhe,
Dá lhe, Mengo
 
Seremos Campeões
 
==============
 
Vamos ganhar mais essa!!!

AOS GUERREIROS RUBRO NEGROS

AOS GUERREIROS RUBRO NEGROS
AOS GUERREIROS RUBRO NEGROS

Hoje a noite, quando olharmos para o túnel do Flamengo no Maracanã e lá de cima enxergarmos o Manto Sagrado, não veremos dentro dele simplesmente 11 homens ou 11 jogadores, teremos ali 11 guerreiros, 11 gladiadores, 11 heróis que correrão como nunca correram em toda a sua vida, que extrairão de dentro de si algo que eles nunca imaginaram possuir, suarão sangue se preciso for, mas honrarão como nunca a camisa que joga sozinha.

E por sua vez os jogadores quando avistarem as coloridas arquibancadas do Maior do Mundo não enxergarão apenas bandeiras e torcedores, mas avistarão pessoas que nesta noite, deixarão de ser apenas pessoas comuns para exercer o papel de fuzileiros, que entrarão firme nessa batalha, se dedicarão ao máximo para dar o combustível necessário aos guerreiros que lá embaixo estarão e durante os 90 minutos jogaremos junto com o time, seremos todos uma só voz e onde quer que o nosso grito ecoar saberão e entenderão que ser FLAMENGO é muito mais do que ser torcedor, é sem sombra nenhuma de dúvidas exercer com dedicação, garra e emoção a incrível missão de ser o 12º jogador.

Nesta noite de decisão, seja no campo, seja na arquibancada, em casa com o radinho colado no ouvido ou na frente da sua televisão, cerre os punhos, encha o peito e grite pro mundo inteiro ouvir: CONTE COMIGO MENGÃO, ACIMA DE TUDO RUBRO NEGRO...

________________
Fábio Justino

Declaração de amor ao Flamengo - texto do Bussunda


Declaração de amor ao Flamengo - texto do Bussunda
(19/06/2006 - 14:28)

Bussunda com a camisa Cobra Coral, foto tirada em 31 de maio de 2006

Orgulho de ser rubro-negro
Bussunda

Meu orgulho de ser rubro-negro começa pelo orgulho de ser carioca. Não dá para negar que a paisagem mais bonita e mais emocionante da Cidade Maravilhosa é a entrada no Maracanã no dia de uma decisão do Mengão.
O contraste da escuridão do túnel que leva às arquibancadas, ou o silêncio dos elevadores sociais para o Maracanã lotado e brilhando em vermelho e preto é de arrepiar qualquer torcedor.
Continua pelo orgulho de ser brasileiro e fazer parte da maior torcida do mundo, do time que foi mais vezes campeão brasileiro, no país do futebol.
Não preciso nem falar de Zico e companhia, do fato de todos os astros internacionais que nos visitam fazerem questão de usar o manto sagrado, nem da pichação: "MENGÃO CAMPEÃO DO MUNDO", que eu vi num muro em Chartres, no interior da França.
Quem é Flamengo é Flamengo até morrer, em qualquer lugar do mundo. E faz questão de acompanhar seu time, seja no Rio, em Tóquio, ou em qualquer local que o Rubro-Negro jogue.
Torcedor do Flamengo que se preze faz questão de bater no peito e dizer com o maior orgulho: "Os outros que me perdoem, mas sou Flamengo e não abro".
Para saber o que é isso, basta ir ao Maracanã em qualquer jogo do Mengão.
A emoção de ver aquela galera maravilhosa cantando e gritando palavras de ordem emociona até quem não gosta do Flamengo. Já vi muita gente chorar ao passar por essa experiência.
É por isso que a torcida rubro-negra é chamada de nação. Uma nação com muito orgulho de ser Flamengo.
Não tem jeito.
As torcidas adversárias têm razão. Os rubro-negros são muito metidos a besta
E, convenhamos, com toda razão.........

BUSSUNDA, humorista

terça-feira, 6 de março de 2007

Cantos da Torcida

PENTACAMPEÃO

Olê, olê, olê, olê
Olê, olê, olê, olê
Eu sou Flamengo de coração
Eu sou do time que é pentacampeão

ÓH MEU MENGÃO

Óh meu mengão eu gosto de você
quero cantar ao mundo inteiro
a alegria de ser rubro-negro
conte comigo mengão
acima de tudo rubro-negro (2x)
Óh meu mengão...

TORCER JUNTOS

Vamos dar as mãos e torcer juntos
Na dividida ganha quem tem união
O nosso time é a gente em campo
A gente tem mais garra tem mais coração
Mengão, mengão é a nossa seleção de ouro
É um grito de guerra só
Vamos mengão, avante mengão
O nosso time é forte
Ô ô ô ô, ô ô ô, Mengo!
Lá lá lá lá, lá lá lá, Raça!

segunda-feira, 5 de março de 2007

Heróis da Nossa História: Zizinho


MESTE ZIZA


Thomaz Soares da Silva, o Zizinho, foi um dos maiores craques do futebol brasileiro e mundial. Um certo dia - e depois por muitos e muitos anos -, chegou a ser comparado a Pelé pelo falecido treinador Flávio Costa, o treinador que o lançou no futebol profissional vestindo a camisa do Flamengo.
Bom de papo, de samba e de uísque, "Mestre" Ziza, como acabou batizado pela beleza do seu futebol, fez seu primeiro teste no Bangu, em 1938, quando tinha apenas 17 anos e ainda era amador, revelado pelo Carioca de São Gonçalo e depois pelo Byron, também da mesma cidade.
Aprovado com louvor no Bangu Atlético Clube, Zizinho foi chamado na sala do dr. Silveirinha, o dono da Fábrica de Tecidos Bangu. Pensou logo que assinaria contrato, mas qual não foi sua surpresa quando o dr. Silveirinha lhe ofereceu um emprego de operário. "Mestre" Ziza recusou a oferta e saiu-se com essa:
- Ué me chamaram aqui para jogar futebol, fiz o teste, passei e vocês me oferecem um emprego? Vim aqui para parar de trabalhar e vocês querem que eu trabalhe?!!
Zizinho voltou pra Niterói, onde sempre viveu e morou, quando surgiu a proposta para um teste no Flamengo, no gramado do Estádio José Bastos Padilha, na Gávea, recém-inaugurado. Lá saiu ele de Niterói novamente para se apresentar ao técnico Flávio Costa. Trocou de roupa e foi para a beira do gramado crente que ía entrar de saída no treino. Qual nada. Ficou sentado no gramado, na margem do campo, enquanto Leônidas da Silva, o "Diamante Negro" , o "Homem de Borracha" , o maior ídolo do futebol brasileiro da época ao lado de Domingos da Guia, desfilava seu talento inconfundível ao lado de Valido, Caxambu, Gonzalez e Jarbas.
Num lance do treino, Leônidas levou a mão à coxa e pediu para sair. Flávio Costa, com sua voz firme, gritou: "Você não é o rapaz de Niterói?". "Sim, sou eu"- respondeu Ziza. "Então vai e entra no lugar do Leônidas" - ordenou Flávio.
Leônidas era o Pelé da época, o mais paparicado jogador brasileiro depois que inventou a bicicleta na Copa do Mundo de 38. A responsabilidade de Zizinho dobrou, certo? Errado!
Ziza entrou e em apenas 13 minutos de bola correndo, marcou três gols. No primeiro deles, recebeu a bola a 40 metros do gol, passou por três adversários e chutou forte no canto. No segundo driblou até o goleiro. Aprovado na hora por Flávio Costa, foi logo contratado junto ao Byron de Niterói. Sua estréia foi naquele mesmo ano de 39, e a partir de 1940 tornou-se titular absoluto da equipe que em 42, 43 e 44 ganharia o primeiro tricampeonato para o Flamengo. Hoje, fiscal de renda aposentado, Zizinho, aos 79 anos, não dispensa uma boa praia na Região Oceânica de Niterói, vai sempre que pode às rodas de samba do Bar Candongueiro, do amigo Hilton, em Pendotiba, e não perde os desfiles do Bloco do Clube do Samba do amigo e companheiro Rubro-Negro João Nogueira.
Zizinho
Zizinho, ou Mestre Ziza, nunca seria jogador de futebol caso dependesse do seu físico. Franzino, ele chegou a ser recusado pelo time do América e acabou jogando um tempo no São Cristóvão antes de chegar ao Flamengo. A grande chance de Zizinho veio com a contusão de Leônidas; o técnico Flávio Costa deu a ele dez minutos para que mostrasse o que sabia. Em pouco tempo, Mestre Ziza convenceu o técnico e acertou com o Flamengo, estreando contra o Independiente, da Argentina. Zizinho tinha garra e habilidade, o que o fez conquistar um grande número de fãs, entre eles, Pelé. Pouco antes da Copa de 50, o ídolo rubro-negro foi vendido para o Bangu e, mesmo perdendo a final para o Uruguai, foi eleito o melhor jogador da Copa. Assim os ingleses que viram Mestre Ziza jogar o definiram: "Não se trata apenas de um craque. Este é um gênio, um homem que possui todas as qualidades que podem ser idealizadas para um profissional chegar mais perto da perfeição."

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Fonte: http://amoraoflamengo.vilabol.uol.com.br/ziza.htm

domingo, 4 de março de 2007

Uma Tribo Chamada Flamengo

Uma Tribo Chamada Flamengo
43,4 MILHÕESTORCEDORES

Ronaldo Helal
Professor da Faculdade de Comunicação Social da Uerj


Dentre todas as torcidas do Brasil, a do Flamengo é disparada a maior. O gigantismo da Nação Rubro-Negra, estimada em 43,4 milhões de brasileiros, é uma boa base para uma reflexão sobre os "elos tribais" que se formam em torno do futebol. O que se segue são algumas pistas para um estudo sociológico mais profundo sobre o referencial simbólico que a torcida do Flamengo oferece.

Tentar explicar a popularidade do Flamengo não é uma tarefa fácil. Dizer que esta deve-se ao caráter democrático do clube é uma falácia que não se sustenta com dados históricos: o Flamengo era no início do século tão elitista quanto Fluminense e Botafogo. Atribuir às cores vermelho e preto uma atração maior exercida sobre as pessoas é também uma explicação precipitada e sem comprovação empírica: outros clubes do Brasil possuem essas cores e não são os mais populares em seus estados. Talvez uma explicação mais plausível encontra-se no fato de que o Flamengo, em um dado período de sua história, treinava em campo aberto, permitindo à população um contato mais próximo com os atletas, levando o jogo para o "homem comum". Ainda assim ficamos no terreno das especulações. Portanto, mais do que tentar buscar explicações para sua popularidade, torna-se fundamental entender as diferenças e singularidades que emanam desse fato.

Em uma crônica publicada em O Globo, no dia 2 de maio de 1964, o dramaturgo e escritor Nélson Rodrigues, ilustre torcedor do Fluminense, afirma o seguinte: "Todo brasileiro é um pouco rubro-negro. A alegria rubro-negra não se parece com nenhuma outra. Não sei se é mais funda ou mais dilacerada, ou mais santa, só sei que é diferente". A observação carrega uma reflexão sociológica basilar para se compreender a singularidade da cultural da torcida do Flamengo. Ser a maior torcida significa também, neste caso, ser diferente, de uma qualidade singular. A quantidade denota aqui uma particularidade única no ato de pensar, agir e torcer pelo Flamengo.

No senso comum ouvimos repetidas vezes a sentença "quem não é Flamengo é anti-Flamengo". Janet Lever, uma socióloga americana, já observava em seu livro A loucura do futebol, que a intensidade dos sentimentos "anti-flamenguistas" que permeiam o universo das outras torcidas revelava um referencial simbólico básico para a compreensão das características culturais dos torcedores de futebol da cidade do Rio de Janeiro. "Os fortes sentimentos antiflamenguistas muitas vezes unem os torcedores adversários". E mais: sempre que o Flamengo enfrenta um outro grande do Rio, a mídia, refletindo o sentimento da cidade, destaca frases do tipo "O Vasco enfrenta hoje o seu rival mais tradicional - o Flamengo" ou "O Botafogo está pronto para a partida com seu arquiinimigo - o Flamengo".

Ora, sendo assim, quem é o maior rival do Flamengo? Para os flamenguistas com mais de 40 anos pode ser que seja o Botafogo, enquanto os mais jovens devem apontar o Vasco ou o Fluminense. Na verdade, o maior rival do Flamengo não se forma a nível estrutural. É uma questão de conjuntura. Hoje pode ser o Vasco, amanhã o Fluminense e depois o Botafogo e assim por diante. O flamenguista é Flamengo e ponto final. Ele não faz alianças com outros clubes em uma decisão que não esteja presente. Neste caso, a partida não lhe interessa. Mas quando está na final contribui, e muito, para a união dos adversários. O flamenguista está preocupado somente e tão somente com o seu Flamengo. Sabe de cor e salteado a escalação de seu time, mas tem dificuldades de escalar os adversários. Ao ler os jornais, concentra-se somente nas matérias que dizem respeito ao Flamengo, ficando bem secundário o noticiário a respeito dos outros clubes. E quantas vezes não se surpreende ao perceber que um torcedor de outro time sabe mais de Flamengo do que de seu "time de coração"?

Essas informações somadas àquelas de Nélson Rodrigues e de Janet Lever nos remetem para a importância de um estudo sobre o mapeamento cultural do universo futebolístico da cidade do Rio de Janeiro, onde o Flamengo é a base e o referencial para a formação dos elos tribais que daí emanam. Se todos são um pouco rubro-negros, conforme sentenciou Nélson Rodrigues, a tribo Flamengo é o paradigma exemplar do modo de ser carioca. Se "quem não é Flamengo é anti-Flamengo", conforme diz o ditado popular e observou a socióloga americana, a tribo Flamengo é o referencial para os sentimentos de torcer, de amar e de odiar tão freqüentes no universo do futebol.

FLAMENGO É FLAMENGO, O RESTO É...

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Ronaldo Helal
Professor da Faculdade de Comunicação Social da Uerj

sábado, 3 de março de 2007

Um Flanático

Um Flanático
A cada drible uma vibração
A cada defesa mais emoção
A cada gol acelera-se o coração
A cada vitória uma explosão
A cada puxada uma dura expressão
A cada virada a concentração
A cada remada a animação
A cada vitória uma explosão
A cada rebote a iniciação
A cada assistência a definição
A cada cesta a conclusão
A cada vitória uma explosão
A cada defesa a superação
A cada levantada a realização
A cada cortada a consagração
A cada vitória uma explosão
Flamenguista acostumado a ser campeão
Tanto no futebol quanto na natação
Tanto no basquete quanto no remo
nós nunca perdemos
Flamengo uma nação
Que toma conta de todo coração
Que extrapola os limites da paixão
Traz a todos a alegria de uma criança
Que sempre tem a esperança
De um dia pelo Flamengo jogar
A emoção de cada rubro-negro
É inexplicável
É inenarrável
É inigualável
Só quem é um Flanático
Sabe o que é ser
O mais querido e mais amado do Mundo !!!

sexta-feira, 2 de março de 2007

O mundo seria perfeito...

TORCER
Olha aqui, ó... Não é por nada, não...
Mas o mundo seria perfeito se todo dia fosse sábado,
se toda noite tivesse festa,
se toda cidade tivesse praia,
se todo mar tivesse onda,
se toda estação fosse Verão,
se todo amigo fosse irmão,
se toda pessoa amada fosse fiel,
se toda música nos fizesse refletir,
se todo céu tivesse estrela,
se todo mundo fosse bonito,
se todo feriado fosse Carnaval.

Como o mundo não é assim, o que nos resta a princípio,
para começar a transformá-lo, é amar intensamente,
não pela beleza que um dia acaba e nem por
admiração que um dia decepciona,
mas amar pura e simplesmente,
pois desta forma nem o tempo conseguirá acabar
com um amor sem explicação.
Nem mais, nem menos.

O amor pelo Flamengo não pode acabar hoje,
a pesar das diversidades,
a pesar das intrigas,
a pesar dos desafetos,
a pesar dos que desanimam,
a pesar das tristezas,
a pesar do choro,
a pesar das derrotas.

O amor pelo Flamengo é eterno,
como a própria letra do Hino fala,
“Eu teria um desgosto profundo,
se faltasse o Flamengo no mundo...”

Nada melhor que um dia após o outro.

VIVA CADA DIA COMO SE FOSSE O ÚLTIMO...
POIS UM DELE PODERÁ SER O ÚLTIMO.

Flamengo tua glória é lutar!

quinta-feira, 1 de março de 2007

No tempo da Charanga

Texto longo, mas vale a pena ler.

Fonte: Esporte e Sociedade, Ano 2, número 4, Nov2006/Fev2007

http://www.lazer.eefd.ufrj.br/espsoc/

No tempo da Charanga

(Apontamentos biográficos de Jaime de Carvalho, pioneiro na criação de torcidas

organizadasno Brasil, revelam como a música foi levada para os estádios de futebol).

Bernardo Borges Buarque de Hollanda

Melba Fernanda da Silva


“ – Flamengo, Flamengo/ Tua glória é lutar/ Flamengo, Flamengo/ Campeão de terra e mar.”. Com esse refrão adaptado do hino oficial do clube, a Charanga saudou por quase cinqüenta anos ininterruptos a entrada de seu time em campo. Seja nos famosos alçapões do subúrbio, com suas precárias arquibancadas de madeira, seja no maior estádio do mundo, o Maracanã, com sua engenhosa armação de concreto, a pequena orquestra musical fez-se presente com seus instrumentos de percussão, de metal e de sopro, movida pela devoção ao clube, mas também pelos dez contos de réis e pela caninha oferecida a seus componentes nos intervalos dos jogos. À sua frente, Jaime Rodrigues de Carvalho, um anônimo funcionário público de baixo-escalão, que no decorrer das décadas iria adquirir projeção nacional e internacional como chefe de torcida do Flamengo e da Seleção Brasileira.

Natural de Salvador, nascido a nove de dezembro de 1911, Jaime de Carvalho desembarcou de um ita – meio de transporte maritimo que levava cargas e passageiros do Norte ao Sul do Brasil – no Rio de Janeiro, capital da República, no ano de 1927 e na mesma semana foi assistir a uma partida de futebol nas Laranjeiras, no estádio do Fluminense Football Club. Sua simpatia inicial pela equipe tricolor foi frustrada na semana seguinte quando, ao término de um treino, foi à sede social do clube conhecer as dependências da antiga propriedade da família Guinle – detentora de um conjunto arquitetonico de residencias naquela região da cidade –, com seus vitrais imponentes e com seu estilo art nouveau, encontrando no entanto os portões fechados. Impedido de entrar, deu meia-volta e se dirigiu logo em frente, à rua Paissandu, onde então se localizava o campo do Flamengo, time formado após uma dissidência no Fluminense. Como os jogadores treinavam em uma área aberta ao público, a proximidade dos atletas com a legião de curiosos que se aglomerava ao redor do gramado para ver a preparação dos ídolos Benigno, Hélcio e Moderato, conquistou o fervor de Jaime.

Cinco anos depois de instalado no Rio, período em que teve de pular o muro, pedir dinheiro ou simplesmente carregar a chuteira dos atletas para não ficar de fora dos jogos, Jaime de Carvalho conseguiu um emprego modesto, porém estável, como servidor público no Ministério da Justiça, o que lhe permitiria casar-se com uma portuguesa, dona Laura, e ao longo da vida ter uma freqüência assídua às partidas. Tal ocupação possibilitou também que se tornasse sócio do clube em 1936, época em que o Flamengo, ao transferir-se para o bairro da Gávea, realizou uma intensa campanha para expandir seu número de associados – de setecentos para dez mil – e contratou grandes craques, como Fausto, Domingos da Guia e Leônidas da Silva, que deram visibilidade nacional ao time, em disputas transmitidas pelas rádios do Distrito Federal para boa parte do território brasileiro. Jaime iniciou aí uma estreita amizade com os diretores do clube, passou a viver com intensidade seu cotidiano e, apreciador das regatas, chegou a ser remador até 1947.

A idéia de levar um grupo musical para dentro de um estadio ocorreu na véspera da partida decisiva do Campeonato Carioca de 1942. Naquele sábado anterior à final, Jaime e um amigo esperaram até de noite para conseguir a única bandeira do Flamengo existente na cidade, hasteada no mastro da sede do clube. Depois ficaram até de madrugada a tingir um morim – tecido de algodão, branco e fino – de vermelho e preto com a inscrição: “Avante, Flamengo!”. Na manhã seguinte, no dia onze de outubro, Jaime chegou cedo ao estádio da rua Álvaro Chaves para a disputa contra o Fluminense em companhia de cerca de quinze músicos, portando um trombone, dois clarins e mais dez instrumentos rítmicos. A presença daquela turma ruidosa instalada nas arquibancadas causou espanto, pois até aquele momento a música só fazia parte das comemorações fora do estádio, ora nos cafés ora nas ruas, com os desfiles de carro a imitar os corsos do carnaval.

A estréia do grupo foi considerada um sucesso, com a obtenção do almejado título pelo clube. Jaime levou adiante a iniciativa inédita e a banda passou a acompanhar o time com regularidade aonde quer que ele fosse. De início a presença do grupo pareceu bizarra, a ponto de fazer Ari Barroso declarar em seu programa na Rádio Tupi: “ – Me desculpem, mas isso não é banda nem aqui nem no caixa-prego”. A duvidosa qualidade sonora do grupo deu origem ao apelido gaiato de charanga, – junção de músicos desafinados e sem ritmo – cunhado pelo excêntrico compositor e locutor esportivo. Apesar da crítica jocosa, a declaração de Ari Barroso divulgou a existência da orquestra, que se tornou conhecida na cidade e fez o epíteto pejorativo ser adotado como oficial pelos próprios integrantes.

Em 1943, a Charanga enfrentaria resistências por parte do meio esportivo. Isto porque a tal desafinação revelou-se um recurso estratégico não só para prestar apoio ao Flamengo como sobretudo para atrapalhar a concentração dos adversários. À exceção de São Januário, a maioria dos estádios da época era de pequeno ou médio porte, sem ultrapassar a capacidade de quinze mil espectadores. Na maioria deles, havia uma área destinada ao público que ficava muito próxima do gramado, a chamada Geral, a permitir a comunicação direta entre torcedores e jogadores, sendo constantes até as invasões de campo. Por isto a Charanga colocou-se de forma intencional atrás do gol onde atacava o clube e as marchinhas executadas, mais do que distrair, irritavam o goleiro rival. Em um jogo contra o São Cristóvão, no momento em que o Flamengo meteu o seu quarto gol, o arqueiro do time da zona norte perdeu a paciência e foi reclamar com o juiz acerca da presença inoportuna da torcida naquele lugar. O árbitro ordenou a retirada imediata do local e o caso terminou na justiça desportiva, desencadeando calorosa polêmica. Além de impugnar a partida, alguns dirigentes queriam banir a orquestra em definitivo. Para os adversários, aquela bossa de grupos musicais nos estádios do Rio “era a maior chatice descoberta pelo homem”.

A proibição requerida por cartolas, juízes e jogadores não foi atendida pelo presidente da Federação Metropolitana de Futebol. Vargas Neto considerava a música uma novidade surgida de maneira espontânea nas praças de esporte e devia ser vista em seus aspectos positivos. Ela contribuía para atenuar as brigas entre os torcedores e inibia as palavras de baixo-calão ouvidas com cada vez mais constância durante as partidas. Sobrinho de Getúlio Vargas, a autoridade-mor da liga carioca era também cronista do Jornal dos Sports e partilhava os mesmos princípios de seu diretor Mário Filho, jornalista dedicado desde a década de 1930 à promoção das escolas de samba e do futebol profissional na cidade como verdadeiros espetáculos de massa. Para eventos de tal monta era necessária a constituição de um público participativo, que assistisse às competições de maneira festiva, sem arroubos ou excessos de conduta.

Rechaçada por uns, apreciada por outros, a música deixou aos poucos de ser um fato pitoresco e incorporou-se ao cenário dos estádios. A difusa excitação de uma partida de futebol – dos aplausos, apupos e assovios até o primeiro coro de hip-hip-hurrah! – era agora coordenada por uma sonoridade mais forte e intensa. Marchinhas carnavalescas mesclavam-se aos solenes hinos dos clubes, que persistiriam até meados do século, quando as versões criadas por compositores como Lamartine Babo e Lupicínio Rodrigues seriam popularizadas pelas rádios. A Charanga assimilava também o ritual de corporações centenárias como a banda da Polícia Militar, a banda dos Fuzileiros Navais e a banda do Corpo de Bombeiros, de onde sairiam inúmeros músicos populares. Os hinos davam uma conotação épica às partidas, associavam a identidade dos clubes à exaltação da pátria e vinculavam certos valores militares aos princípios esportivos liberais forjados no final do século XIX.

A inovação sonora era seguida ainda pela inovação visual. De uso restrito aos atletas, as camisas dos clubes passam a ser confeccionadas de modo artesanal pela Charanga. Ao escudo do clube, adiciona-se o símbolo de uma lira na camisa, expressão das afinidades entre a música e o futebol. Um grupo compacto começa a destacar-se da massa. Em substituição às fitas e aos lenços coloridos abanados pelo público feminino durante os jogos, de onde provém a raiz da palavra torcedor – o ato de torcer os lenços com aflição durante um lance decisivo –, os uniformes transformavam-se no elemento de identificação dos torcedores de cada clube. Se a indumentária dos espectadores de futebol até então não se distinguia da vestimenta das elegantes platéias de teatro, cinema e ópera, com o habitual terno e gravata, a camisa uniformizada vem a despertar a atenção não mais apenas no campo. Em um setor especifico, às vezes separado por um cordão de isolamento, as torcidas organizadas são convocadas a comparecer por rádios e jornais em número de até mil integrantes. O aparecimento da Charanga inseria-se nesse contexto de expansão dos esportes e de alteração da condição inicial da assistência – palavra com que a imprensa designava o publico dos estádios, por equivalência à idéia de audiência, utilizada em concertos e outros espetáculos. As torcidas assumiam um caráter ativo nas disputas, seja a encorajar seus times seja a intimidar seus oponentes. Em meio a críticas e incentivos, o agrupamento de Jaime afirmou-se nos três primeiros anos de existência, graças também aos sucessivos triunfos do time no campeonato, que se sagrou pela primeira vez tricampeão carioca. No ano de 1944, em uma final na Gávea superlotada, Jaime levou uma bomba de fabricação caseira para competir com a imensa quantidade de fogos preparados pelos torcedores do Vasco da Gama, que naquele ano criaram também sua torcida, a TOV, fundada por Aida de Almeida e um grupo de amigas. Os fogos de artifício eram uma recente invenção pirotécnica nos estádios e, no inicio do jogo, produziram de forma surpreendente uma cortina de fumaça que encobriu a visão do campo por alguns minutos. Após o contestado gol de Valido nos minutos finais do jogo, Jaime comandou a euforia à saída, sob o improviso de um bloco que percorreu diversos pontos da cidade.

A construção do Estádio Municipal do Rio de Janeiro, o Maracanã, no ano de 1950, marcaria uma nova fase na participação de Jaime de Carvalho como torcedor. Já conhecido na cidade como principal representante da torcida rubro-negra, sua liderança iria transcender os limites clubísticos e ganhar contornos nacionais. Ela seria decorrência da realização da Copa do Mundo no Brasil e da escolha de Jaime para a chefia da torcida da seleção brasileira. Após doze anos de intervalo do torneio, em virtude da Segunda Guerra Mundial, o país seria eleito como sede de um encontro internacional de repercussão e magnitude. A nação assumia a incumbência de mostrar à Europa a sua capacidade de organização e a sua condição de país civilizado, por meio de um povo apto a mostrar seu elevado pendor cívico-moral.

A preocupação em projetar a imagem de um país cordato fazia com que as autoridades delegassem a Jaime de Carvalho boa parte da responsabilidade na orientação dos torcedores.

Os organizadores vislumbravam a importância de um chefe de torcida que auxiliasse o trabalho do chefe de polícia no comportamento dos espectadores. Uma campanha desenvolvida pela imprensa ressaltava a inconveniência do arremesso de objetos no gramado, do emprego de palavrões e recomendava a chegada antecipada, a fim de evitar tumultos no acesso às tribunas. Com este intuito, os meios de comunicação davam inteiro aval à Charanga, sob o patrocínio de uma loja de roupas a anunciar suas atividades, seus preparativos e suas surpresas para os dias de jogo.

A reação pacífica do público na partida final da competição, após a inesperada derrota para o Uruguai, valeu aos torcedores inúmeros elogios, inclusive do presidente da FIFA, Jules Rimet. Em casa, os brasileiros haviam dado uma lição desportiva, sabendo perder com hombridade e patriotismo. Antes disto já tinha sido frisada a criatividade da torcida na partida contra a Espanha quando, face a uma goleada de seis a um, surge de forma espontânea o clamor da massa a entoar a marchinha “Touradas de Madri”, composta por João de Barros, alusão irônica à débâcle da fúria espanhola naquela tarde. Presente ao jogo, diz-se que Braguinha foi às lágrimas ao escutar sua música cantada por uma multidão estimada em duzentas mil pessoas.

O êxito de Jaime de Carvalho na condução dos torcedores revelaria-se frutífero dali em diante, com a inauguração de um ciclo de viagens internacionais que se iniciaria na edição osterior da Copa do Mundo, na Suíça, em 1954. Depois de colocar-se à frente da torcida na fase eliminatória do mundial, partiria de Didi e dos demais membros da delegação o apelo em favor da presença do líder da Charanga na Europa. Com o pedido aceito, uma campanha promovida pelo Jornal dos Sports e por um estabelecimento comercial angariou fundos para a viagem, concedendo a Jaime não só a passagem como o status de Embaixador da torcida brasileira no exterior. Jaime embarcou para a capital suíça munido de vários apetrechos, dentre eles, dez couros para fabricar surdos, trezentas gaitinhas, duas sirenes e um par de pratos de banda de música. Na estréia da seleção, entrou em campo junto com os radialistas brasileiros e estendeu sobre o alambrado uma faixa verde e amarela bordada em branco “Avante, Brasil!”, uma inovação em âmbito internacional.

No mesmo ano de 1954, esse torcedor participaria do Campeonato Sul-Americano na Argentina. Sua mulher, Laura de Carvalho, seria responsável pela confecção da maior bandeira do Brasil feita até então, com oito por dez metros, desfraldada na entrada do time em campo. Produção caseira, tingida sob latas velhas em um fogão a lenha, a utilização da imensa bandeira facilitaria a identificação dos torcedores de um mesmo país no interior de um estádio, fato inusitado para a época. A experiência das viagens tornar-se-ia assim recorrente ao longo das décadas e perduraria até o final de sua vida. Sua participação estenderia-se à Copa do Mundo do Chile, em 1962, quando o Brasil obtém o bicampeonato; às partidas eliminatórias no Paraguai, válidas para o Mundial do México, em 1970, quando o país triunfa pela terceira vez; e à Copa do Mundo da Alemanha, em 1974, onde assistiria aos treinos e organizaria diversas passeatas pelas cidades alemãs.

O prestígio obtido com a atuação nos jogos da Seleção Brasileira não acarretaria a ausência em nível local. Jaime passaria a seguir o Flamengo de trem, nas partidas válidas pelo torneio Rio-São Paulo de clubes, campeonato instituído na década de 1950. Seu empenho não se restringiria ao domínio do futebol profissional, pois a Charanga integraria-se às mais diversas modalidades esportivas em que o clube estivesse envolvido, como o basquete, o remo e o vôlei. Os esportes amadores também seriam alvo de interesse da agremiação, com a presença nos Jogos da Primavera e nos Jogos Infantis, eventos tradicionais da cidade.

Nos anos de 1960, Mário Filho reeditaria uma outra atração lançada originalmente pelo seu jornal no ano de 1936: o Duelo de Torcidas. Levava-se para a arquibancada o mesmo espírito esportivo vivenciado dentro de campo e transferia-se para os estádios a lógica competitiva dos desfiles das escolas de samba. Um júri constituído pelo jornal avaliava a performance dos torcedores na arquibancada, amparado em critérios que privilegiavam a qualidade, a potência e a vibração das baterias; a beleza, a originalidade e a criatividade dos uniformes; a quantidade, o tamanho e o formato das bandeiras, entre outros quesitos. Esses estímulos da imprensa esportiva impregnavam os jogos de uma ambiência carnavalesca. Os cronistas exortavam, por meio de metáforas extraídas de fenômenos da natureza, os efeitos plásticos da profusão de sirenes, cornetas, flâmulas, confetes, serpentinas, estandartes e balões multicores. Em tom de grandiloqüência, Mário Filho referia-se ao “rumor oceânico da multidão” e aos “abalos sísmicos” provocados pelo frenesi da torcida, enquanto Vargas Neto destacava “as cachoeiras de papéis picados”, que produziam uma “cascata de arco-íris”. Nélson Rodrigues, por sua vez, descrevia o delírio coletivo com o timbre poético que lhe era característico: “no ar, por muito tempo, o grito em flor”; “no mar, uma flora de bandeiras flamengas”.

Para a produção de semelhante espetáculo, chefes de torcida como Dulce Rosalina do Vasco, Tarzã do Botafogo e Paulista do Fluminense ensaiavam coreografias ao longo da semana. Jaime arregimentava as crianças da vizinhança de sua residência em Niterói para fazer bandeirinhas, dirigia-se às malharias do centro do Rio e buscava subvenção junto aos dirigentes do clube para vencer o torneio das torcidas. No caso da Charanga, a culminância ocorria na véspera da partida, quando dona Laura passava a noite fazendo refeições para os trinta músicos do grupo na manhã seguinte. Depois do lanche matutino, os integrantes da banda encaminhavam-se para o Maracanã, a fim de demarcar o território, desenrolar as bandeiras, encourar e afinar os instrumentos. Ainda que o jogo principal só começasse a tarde, a Charanga chegava ao estádio às dez horas da manhã.

Essa rotina seria comprometida no final da década de 1960, quando Jaime de Carvalho adoeceu e teve de enfrentar um quadro clínico de pressão alta e diabete. O afastamento temporário criou um vácuo na liderança da torcida, o que permitiu a instauração de uma crise em seu interior. Pedro Paulo Bebiano, de 18 anos, e um grupo de rapazes decidiu abandonar a Charanga e criar uma torcida à parte, denominada Poder Jovem, que mais tarde viria a se chamar Torcida Jovem do Flamengo. Em uma época marcada pela rebeldia, em que movimentos juvenis como o Maio de 68 na Franca repercutiam em todo o mundo, os membros desta nova geração reivindicavam novos métodos de participação nos estádios. Ao protagonizar à sua maneira o conflito geracional, estes jovens lutavam pelo direito ao protesto e à contestação em fases críticas da equipe, procedimento inconcebível para Jaime de Carvalho, que não admitia vaias ou qualquer tipo de hostilidade aos jogadores. Com o questionamento de sua autoridade, o ato de torcer tomaria outros rumos, gerados pela cisão na unidade da torcida.

Àquela época, entretanto, Jaime era respeitado na cidade e tornava-se um personagem célebre no meio esportivo, o que lhe renderia inúmeras homenagens. O Jubileu de Prata da Charanga em 1967, quando o grupo completou vinte e cinco anos de existência, foi comemorado com uma festa no Morro da Viúva, com direito a discursos de dirigentes, a mensagens do presidente do clube e a presentes como um moderno megafone importado dos Estados Unidos. Se representantes das torcidas co-irmãs do Vasco, do Botafogo, do Fluminense e até do Corinthians reputavam Jaime como o chefe dos chefes de torcida, viria a receber ainda o título de torcedor número um do Rio, outorgado pelo capitão de policiamento do Maracanã. Porta-voz dos alvinegros, Tarzã subiu ao palco no aniversário da Charanga com uma enorme bandeira do Botafogo, entregou a Jaime uma estatueta com a figura de um pescador e assim se pronunciou: “Comparo um chefe de torcida a um pescador, sempre pescando simpatias. Jaime é um pescador de simpatias”. A homenagem principal viria no ano de 1973, ocasião em que Jaime seria condecorado como cidadão honorário do Estado da Guanabara pelos serviços prestados ao “clube mais querido do Brasil”. Jaime de Carvalho permaneceria no comando da Charanga até o seu falecimento. Enfermo no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, não deixaria de enviar cartas à seção de leitores dos jornais da cidade, de onde continuaria a instruir os torcedores e a propagar seu ideais pedagógico-nacionalistas, expressos em lemas como “O Flamengo ensina a amar o Brasil sobre todas as coisas” e “Onde encontrares um flamengo, encontrarás um amigo”. Antes de ser acometido por um câncer no dia quatro de maio de 1976, Jaime passaria a liderança da torcida à sua mulher, Laura, que manteria ativa a Charanga durante a década de 1980.

No final desse decênio, porém, um fenômeno musical despontaria nas arquibancadas, levando a Charanga a um período de declínio. Eram as torcidas organizadas, inflamadas por uníssonos muito mais potentes e possantes, oriundos da batida funk que embalaria a preferência rítmica de expressivas e emergentes camadas juvenis cariocas. Com uma maior capacidade de mobilização, com uma dinâmica corporativa própria e com novas técnicas corporais, estas torcidas apropriariam-se do espaço ocupado pela Charanga. Sem mais ecoar como outrora, a orquestra deslocou-se para as cadeiras comuns do anel inferior do Maracanã e, pouco tempo depois, retirou-se do estádio, limitando sua atuação às partidas amadoras ou aos eventos sociais do clube.

Ao longo de trinta e cinco anos, Jaime de Carvalho dividiu seu tempo entre os compromissos com o funcionalismo público federal e as atividades com sua agremiação torcedora. A vinculação ao futebol deu-lhe um reconhecimento na vida carioca e brasileira que, de outro modo, jamais teria ocorrido. Precursor de um movimento de aproximação entre a música e o futebol, elementos-chave na construção da imagem nacional, Jaime ajudou a formar uma platéia festiva e competitiva nos estádios do Rio de Janeiro durante as décadas de 1940, 1950 e 1960. Encarnou assim a abnegação por um clube, emblema de um cotidiano partilhado por milhares de torcedores. Ao criar uma atmosfera comunitária em meio a um espetáculo de massas, promoveu em torno de si a integração de diferentes estratos sociais, que iam de professores, advogados, escriturários, magistrados, médicos, operários, militares, até expoentes da Era do Rádio, como a cantora Ângela Maria e o cantor Blecaute. Embora não tenha pertencido ao grupo, seria Wilson Baptista o sambista que melhor exaltaria a profissão de fé do torcedor: “Pode chover,/ pode o sol me queimar/ que eu vou pra ver/ a Charanga do Jaime tocar:/ – Flamengo, Flamengo!/ tua glória é lutar,/ quando o Mengo perde/ eu não quero almoçar,/ eu não quero jantar.”.

Fonte: Arquivo Histórico do Jornal dos Sports